Estava passando um fim de semana na Ilhabela com umas amigas e o tempo estava chuvoso e acinzentado. Fomos então caminhar pela praia, quando de repente uma delas parou e encontrou uma “coisinha” que parecia tudo menos um filhote abandonado .
A bichinha estava suja de lama, cheia de pulgas e com um barrigão cheio de vermes. Quase batia no chão.
“Ela é sua Pri. Vamos levar para São Paulo”! disse ela.
Eu tinha acabado de perder um cachorro que adorava, e jurei que nunca mais ia querer animal de estimação,. Duram poucos anos e a gente sofre muito quando eles se vão.
Pensei e resolvi trazer a bichinha feinha que só para casa. Voltamos na Mercedes da amiga que achou a cachorrinha e pensei pensei i: Ela começou bem ! Da sarjeta para uma Mercedes.!
Minha amiga sempre querendo me ajudar e me incentivando a adoção, me deu sua linda bolsa de palha italiana, colocou um lençol dentro e a cachorrinha já tinha casa, cama e madrinha.
No dia seguinte, já na minha casa, levei-a no veterinário, e durante um mês cuidei da sua saúde. Eram remédios contra vermes, pulgas e falta de vitaminas. &n bsp; Liv Ulman – esse foi o nome que escolhi para ela em homenagem a atriz que adoro!- dormia na bolsa de palha, comia e fazia as necessidades no jornal, super educada e inteligente. E sobretudo com um olhar lindo de agradecimento e humildade pela adoção. E eu cada dia gostando mais e mais dela.
Dei a ela o nome de Liv Ulman (em homenagem a atriz que adoro!) . E também porque era outono,lembrava folhas ,leaves, live. life, de viver, entre outras.
Dai para frente ela foi se desenvolvendo , foi ficando cada dia mais bonita e super inteligente ( típico dos viralatas) .
E foi num sábado cinzento em SP e sem ter o que fazer, levei-a para o parque Ibirapuera caminhar comigo. Lá fomos abordadas por dois rapazes que convidaram a Liv para participar de um passeio pelo parque com cães de todas as raças.
Concordei e fomos até as barracas da Pro-Plan, patrocinadora desse evento onde começaram a pentear, colocar fitinhas e lacinhos nela. Ganhou um numero que concorria a um premio do concurso. Liv só me olhava querendo dizer…não gosto dessa frescura de lacinhos, etc e tal
Logo chegaram os outros cães de raça, um mais classudo e lindo que o outro. Galgos, Goldens Retrivesr, Labradores, Pastor belga, Shitsu, entre outros Alguns cães de raça pareciam estar o nariz em pé bem como seus donos. Um deles iria ganhar pela beleza e porte enquanto a Liv não tinha a menor chance era o que eu achava.
Logo começou o passeio com os cães na coleira acompanhados com seus donos .Uma banda de Jazz ia tocando na frente da caminhada e os cachorros seguiam .Liv brincava com todos os cachorros e seus donos, pulava em cima deles, parava quando queria brincar com algum animal. Isso fazia com que todos se simpatizassem com ela e com sua alegria e vivacidade.
Quando o passeio acabou, todos se reuniram para a premiação. Eu já estava indo embora com a Liv, quando ouvi meu nome e o dela no autofalante – O quê?? Que surpresa!!! Levei um susto.
Liv ganhou a premio como “A linda e simpática Vira-lata do Parque Ibirapuera”. Subimos no palco e ela ficou me olhando e deu as costas para o público que estavam adorando e rindo do jeito dela!
O premio dos vencedores eram pacote imenso da ração Pro Plan e os donos ganharam uma lata preta bem legal onde tinha camisetas, bonés, nécessaire, entre outras coisas.
Liv ficou conhecida no parque. Todos brincavam com ela e a chamavam pelo nome. Eu feliz com ela e super orgulhosa.
Um dia dentro do parque parou um ônibus de turistas, perto de onde eu e Liv estávamos sentadas na grama. Os gringos desceram e logo vieram brincar com ela. Perguntaram o seu nome e quando disse o nome Liv Ullman foi a festa! Eram noruegueses e adoravam a atriz e escritora norueguesa Liv Ulman. Pediram para tirar fotos com ela e eu babava de orgulho dessa bichinha de quatro patas.
Os anos foram passando e com ela conheci muita gente andando com seus animais, e que até hoje são meus amigos.
Liv foi ficando velhinha, já não enxergava, mas era mais querida do que nunca. Adorava ela e não imaginava ficar sem ela! Foram quatorze anos sempre ao meu lado, me defendendo, zelando pela casa com seu latido estridente e sempre uma querida!
Um dia caminhando pela rua com ela já bem velhinha, passou uma pessoa e me disse: “Que sorte que ela teve, é cega e velha e você ainda lavando passear! ”
Eu na mesma hora retruquei :
“Sorte dela não!!! Sorte a minha de ter uma animal tão fiel, tão grato, e tão humano! Melhor do que muita gente!!
Meu recado: Adotem um vira-lata
É barato e chique!
Jornalista… amo publicar colunas sobre meu dia a dia…