Nem a propaganda nem as alianças de ocasião, muitas delas esquizofrênicas, deveriam definir a conduta dos candidatos.
Tempo (Jean-Sebastien Evrard/AFP/VEJA)
Dane-se se o coligado é de esquerda, direita, liberal ou estatizante. Nesta fase, a pouco mais de nove meses da disputa eleitoral, vence quem captar aliados de grande porte e agregar o maior número de nanicos. A ordem é ampliar a base política e somar mais segundos na propaganda de rádio e TV dita gratuita, mas paga por todos os brasileiros.
Esse é o grande trunfo do MDB do impopular Michel Temer, que o torna desejável até por seus críticos – PSDB à frente. Ou pelo PT, que renega o ex-parceiro da presidente cassada Dilma Rousseff, mas quer o partido de Temer como aliado para, por exemplo, apoiar a recandidatura de Fernando Pimentel em Minas Gerais.
Por ter a segunda maior bancada da Câmara dos Deputados, o MDB do presidente tem quase 3 minutos para negociar. E mais de mil prefeitos espalhados por todo o país, essenciais para qualquer campanha.
Diga-se que desde a redemocratização só Fernando Collor de Mello, do então PRN, chegou ao Planalto sem minutos a rodo no horário eleitoral e sem a força de um partido com capilaridade nacional. Mas isso ocorreu em uma eleição diferente de qualquer outra, exclusiva para presidente, cuja propaganda não precisava ser dividida com candidatos a governador, deputados federais e estaduais.
A fragilidade da equação tempo de rádio e TV e base municipal, onde se dá a política cotidiana, pode atazanar o PT.
Embora detenha sozinho o maior tempo no horário eleitoral (1min35s por bloco de propaganda e 3,5 inserções de 30s ao dia), o partido de Luiz Inácio Lula da Silva amargou derrotas que reduziram em 60% sua força regional. Em 2016 elegeu apenas 256 prefeitos contra 630 na disputa anterior. Perdeu a cidade de São Paulo e só emplacou uma capital: Rio Branco, no Acre. Depende, portanto, de alianças regionais.
Os partidos sem candidato próprio à Presidência da República somam 6min6s em cada um dos dois blocos de 12m30s que serão veiculados entre 31 de agosto e 4 de outubro na mídia eletrônica. E por 13 inserções diárias de 30s, tidas como o filé do horário político por estarem diluídas na programação das emissoras.
O PSDB de Geraldo Alckmin tem 1min18s em cada bloco e confortáveis 793 prefeitos empossados no ano passado, incluindo o pupilo João Doria, na capital paulista, cuja popularidade relâmpago, rapidamente abalada, chegou a ameaçar o criador. Uma base e tanto que os tucanos insistem em usar contra eles próprios em digladio interminável.
Segundo colocado nas pesquisas eleitorais, Jair Bolsonaro terá algo em torno de 10s de tempo na TV e no rádio caso se filie ao PSL. Dois a menos do que a Rede de Marina Silva e o Podemos de Álvaro Dias. O PDT de Ciro Gomes, 33s, e o PSD do ministro Henrique Meirelles, 54s. Até agora, já são 12 postulantes, com segundos pingados.
Bolsonaro aposta todas suas fichas no meio digital. No Facebook reúne quase 5 milhões de fãs. Sua tropa de choque, afinada e treinadíssima, joga no ataque, incentivando o ódio, que tanto sucesso faz nas redes.
Imagina-se um Donald Trump que, por sua vez, crê que venceu a batalha pelo Twitter. Só que a versão trumpista tropical não tem por detrás a força do Partido Republicano que venceu as eleições e levou o magnata, derrotado no voto popular, até a Casa Branca.
No Brasil, com raras exceções, as eleições majoritárias têm premiado candidatos que delegam parcial ou integralmente conteúdos não só das campanhas, mas do governo, a marqueteiros. Não raro com promessas sem lastro, generalidades e mentiras deslavadas.
A essencialidade do rádio, da TV, da internet, de outras mídias e formas de divulgar uma candidatura é indiscutível. Mas são apenas meios.
Nem a propaganda nem as alianças de ocasião, muitas delas esquizofrênicas, deveriam definir a conduta dos candidatos. Muito menos impor a perversa ordem que relega ao segundo ou terceiro planos o ideário e as propostas do pretendente para minimizar as aflições do cidadão e os problemas do país.
Fonte: Blog do Noblat
Jornalista, mineira de Belo Horizonte, ex-Rádio Itatiaia, Rádio Inconfidência, sucursais de O Globo e O Estado de S. Paulo em Brasília, Agência Estado em São Paulo. Foi assessora de Imprensa do governador Mario Covas durante toda a sua gestão, de 1995 a 2001. Assina há mais de 10 anos coluna política semanal no Blog do Noblat.
Jornalista, mineira de Belo Horizonte, ex-Rádio Itatiaia, Rádio Inconfidência, sucursais de O Globo e O Estado de S. Paulo em Brasília, Agência Estado em São Paulo. Foi assessora de Imprensa do governador Mario Covas durante toda a sua gestão, de 1995 a 2001. Assina há mais de 10 anos coluna política semanal no Blog do Noblat.
Usamos cookies em nosso site para oferecer a você a experiência mais relevante, lembrando suas preferências e visitas repetidas. Ao clicar em “Aceitar tudo”, você concorda com o uso de TODOS os cookies. No entanto, você pode visitar "Configurações de cookies" para fornecer um consentimento controlado.
This website uses cookies to improve your experience while you navigate through the website. Out of these, the cookies that are categorized as necessary are stored on your browser as they are essential for the working of basic functionalities of the website. We also use third-party cookies that help us analyze and understand how you use this website. These cookies will be stored in your browser only with your consent. You also have the option to opt-out of these cookies. But opting out of some of these cookies may affect your browsing experience.
Necessary cookies are absolutely essential for the website to function properly. These cookies ensure basic functionalities and security features of the website, anonymously.
Cookie
Duração
Descrição
cookielawinfo-checkbox-analytics
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics".
cookielawinfo-checkbox-functional
11 months
The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional".
cookielawinfo-checkbox-necessary
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary".
cookielawinfo-checkbox-others
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other.
cookielawinfo-checkbox-performance
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance".
viewed_cookie_policy
11 months
The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data.
Functional cookies help to perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collect feedbacks, and other third-party features.
Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better user experience for the visitors.
Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.
Advertisement cookies are used to provide visitors with relevant ads and marketing campaigns. These cookies track visitors across websites and collect information to provide customized ads.