18 de abril de 2024
Maria Helena

O triunfo das nulidades

Medo para nos calar

Mulher exibe faixa nos arredores do Supremo Tribunal Federal, em Brasília (DF), durante julgamento da Segunda Turma da Corte, que julga dois pedidos de liberdade do ex-presidente Lula – 25/06/2019 (Adriano Machado/Reuters)

Ontem, 17 de outubro, o STF iniciou o julgamento sobre a legalidade da prisão em segunda instância. Não sei qual foi a intenção do presidente Jair Bolsonaro ao ir visitar, logo na véspera, o general Villas Boas, assessor especial do GSI – Gabinete de Segurança Institucional, internado no hospital do Exército. Se com certeza o capitão, ele mesmo, não saberia explicar o real motivo, como poderia eu afirmar alguma coisa?
O fato é que o general, ainda internado, após essa visita, afirmou em seu Twitter oficial que “É preciso manter a energia que nos move em direção à paz social, sob pena de que o povo brasileiro venha a cair outra vez no desalento e na eventual convulsão social”.
Sabem há quantos anos nos acenam com esse medo para nos calar? Desde 1914, quando Ruy Barbosa disse: “A injustiça, senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade [… ] promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas”.
E disse mais, nosso grande jurista: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.“
De 1914 até hoje, pouco mudou…
O STF começou a julgar três ações que discutem a possibilidade de prisão de condenados antes do trânsito em julgado. A ala política fica alvoroçada, sobretudo porque a decisão do Supremo pode influenciar a situação do ex-presidente Lula. Posso imaginar como isso mexe com a cuca, instável por natureza, do capitão Bolsonaro, já que não foi uma nem duas vezes que ele retrucou opositores perguntando: “vocês querem o Lula de volta?”.
Assim, a seco, não. Mas se Lula puder ser candidato nas próximas eleições presidenciais, por que não? Lula não está facilitando as coisas para ele ao dizer, como disse ontem: “Não estou reivindicando essa discussão de segunda instância. Não estou interessado nisso. Não quero progressão de pena, quero a minha inocência. Não tem meio termo comigo. O que eles vão fazer? Antigamente, era mais fácil. Mandava esquartejar, salgar, pendurar no poste. Cometeram a bobagem de me prender, cometeram a bobagem de me acusar, agora vão ter que suportar esse peso aqui dentro”, desabafou ontem o ex-presidente.
Partido ele tem. O PT é organizado e tem estatutos, regras e filiados de peso. Ganha do PSL, partido que poderia crescer mais do que já cresceu, se tornar um novo PTB e obnubilar o PT. Mas teve o azar de esbarrar no trono da nova família imperial brasileira e pronto, arrisca esfarelar. Não há dúvida sobre o que atrai tanto no PSL. É o mesmo que atrai dezenas de candidatos à mão da dona Baratinha: o tal do vil metal.
Responda quem quiser ou quem souber: quem quer casar com dona Baratinha, que tem tanto dinheiro na caixinha?
Fonte: Blog do Noblat

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