25 de abril de 2024
Joseph Agamol

Candeeiro


Eu gosto de algumas palavras e implico com outras. Assim. Gratuitamente. Sou desses.
De gostares e desgostares, meio gratuitos, talvez, vezes sem conta devo cometer injustiças com esse jeito meio estranho.
“Candeeiro” é dessas palavras que amo. Compus uma letra de música meio javanesca – nada a ver com Java, é como chamo o que tem uma cara assim de Djavan, não disse que sou meio estranho?
Mas “candeeiro” me tem vindo à mente, nesses tempos em que tem sido uma tarefa hercúlea manter o bom humor nas redes sociais.
Tem vez que tudo que o vivente quer é uma autoajuda de Twitter, uma inspiração instagrânica, uma foto de gatinho pintado de cor de rosa que nem aqueles que a gente comprava nas feiras antigamente, lembra?
Mas de vez em quando tudo parece pedra, buraco, mofo, espinho, aresta, entre outras asperezas internéticas como um todo e feicebúquias em particular.
E aí você se amofina, se apoquenta, se apequena até chegar no tamanhico dos que não tem nada a oferecer a não ser uma dose de cólera diária.
Eu, que não sou modelo para nada nem ninguém, sou todo errado, me arrisco, apalavro e dou fé:
Para cada copo de cólera, ofereça um jorro de sol.
Se aparecer aresta – aplaine.
Pedra? Que vire areia de praia sob os pés.
Que todo mofo encontre seu raio de luz da manhã.
Que os espinhos sejam só proteção para as rosas – e que elas não careçam de usar!
E se houver algum ódio: evanesça.
Eu que não sei de nada como Jon Snow mas que desconfio de muita coisa como Riobaldo Tatarana, afianço:
Contra toda malquerença, contra toda sanha, contra toda cólera, forneça doses generosas… de generosidade.
Contra aquelas pessoas turvas, seja claridão.
Farol na popa. Lanterna.
Aclare. Alumie.
Seja lume.
Candeeiro.

Joseph Agamol

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

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