Eu gosto de algumas palavras e implico com outras. Assim. Gratuitamente. Sou desses.
De gostares e desgostares, meio gratuitos, talvez, vezes sem conta devo cometer injustiças com esse jeito meio estranho.
“Candeeiro” é dessas palavras que amo. Compus uma letra de música meio javanesca – nada a ver com Java, é como chamo o que tem uma cara assim de Djavan, não disse que sou meio estranho?
Mas “candeeiro” me tem vindo à mente, nesses tempos em que tem sido uma tarefa hercúlea manter o bom humor nas redes sociais.
Tem vez que tudo que o vivente quer é uma autoajuda de Twitter, uma inspiração instagrânica, uma foto de gatinho pintado de cor de rosa que nem aqueles que a gente comprava nas feiras antigamente, lembra?
Mas de vez em quando tudo parece pedra, buraco, mofo, espinho, aresta, entre outras asperezas internéticas como um todo e feicebúquias em particular.
E aí você se amofina, se apoquenta, se apequena até chegar no tamanhico dos que não tem nada a oferecer a não ser uma dose de cólera diária.
Eu, que não sou modelo para nada nem ninguém, sou todo errado, me arrisco, apalavro e dou fé:
Para cada copo de cólera, ofereça um jorro de sol.
Se aparecer aresta – aplaine.
Pedra? Que vire areia de praia sob os pés.
Que todo mofo encontre seu raio de luz da manhã.
Que os espinhos sejam só proteção para as rosas – e que elas não careçam de usar!
E se houver algum ódio: evanesça.
Eu que não sei de nada como Jon Snow mas que desconfio de muita coisa como Riobaldo Tatarana, afianço:
Contra toda malquerença, contra toda sanha, contra toda cólera, forneça doses generosas… de generosidade.
Contra aquelas pessoas turvas, seja claridão.
Farol na popa. Lanterna.
Aclare. Alumie.
Seja lume.
Candeeiro.
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.