19 de abril de 2024
Walter Navarro

A França para os escargots e a Amazônia para os cipós


Este negócio da Internalização da Amazônia… O Petróleo é Nosso… A Amazônia é nossa… Que canseira!
As Pirâmides são do Egito? E as piranhas?
Eu quero a Torre Eiffel em Barbacena! Em frente à minha casa. Paris vem junto?
Troco o queijo Minas pelo Camembert… E a cachaça por um Bordeaux.
Há coisa de 25 anos, no auge da xenofobia, na França, depois de picharem uma mesquita, mandando os árabes “go home”, alguém pichou no banheiro de uma universidade: “A França para os Franceses”. Um gaiato, improvisou e escreveu ao lado: “E a Borgonha para os Escargots”.
Para quem não sabe, o delicioso escargot é uma marca registrada da Borgonha; mais uma linda e histórica região da França, cheia de tesouros imemoriais.
A ironia seria a mesma, se escrevessem: “A Bélgica para as Batatas Fritas”, “A Bretanha para as Crepes”, “Toulouse para o Cassoulet”, “A Alsácia para o Chucrute”, “Paris para os Champignons e a Baguette”. Minas para o Pão de Queijo. A Bahia para o Vatapá. Santa Catarina para as Ostras.
O Macron chamou a Amazônia de “nossa casa”.
Na ação e reação, Paris é nossa, o Louvre é nosso, a Mona Lisa é nossa.
Não, a Mona Lisa, antes de nossa, deveria então ser italiana, tanto que, “em 21 de agosto de 1911, a mais famosa pintura do Louvre, sumiu. Dois anos mais tarde, o quadro de Leonardo da Vinci foi encontrado na Itália. O ladrão justificou o roubo como revanche ao butim de Napoleão”.
E por causa deste roubo mirabolante, da volta da tela ao museu é que a Mona Lisa virou o quadro mais famoso do mundo. Pessoalmente, tem coisa muito melhor que ela, lá mesmo.
Sim, Napoleão roubou meio mundo, mas não a Mona Lisa. A famosa tela foi quase um presente, do próprio Da Vinci, a seu amigo, o rei francês, François I.
Para os fatos, Leonardo Da Vinci está enterrado, no Vale do Loire, França, e não na Itália. Uma longa e outra história.
Então, tirando a Mona Lisa, mas ficando no território da Arte, precisa nem internacionalizar. Bastaria devolver a quem de direito.
A famosa pedra de Roseta, também foi descoberta na fracassada campanha de Napoleão no Egito e lá mesmo roubada pelos ingleses. Hoje, ela está no British Museum, em Londres. Vão devolver?
A França e muitos outros países na Europa, até hoje, pesquisam, investigam, procuram e exigem de volta tudo o que os nazistas roubaram, durante a 2ª Guerra Mundial.
Inclusive ou principalmente o que os alemães roubaram das famílias judias.
Já visitei museus em Londres, Paris e Berlim. Metade da Grécia e do Egito estão lá. As múmias, sarcófagos, fachadas e portais de mármore inteiros.
Um dos monumentos mais famosos de Paris, o obelisco da Place de la Concorde, teria sido um “presente” do Egito à França. Esqueceram de combinar com os egípcios…
Presente, e francês, é a Estátua da Liberdade em Nova York. O Cristo Redentor no Rio de Janeiro.
Agora, o outro lado da moeda. Por serem mais ricos, Inglaterra e França têm muito mais condições de abrigar estes tesouros com segurança. As múmias, nos museus do Egito, até se decompunham por causa do calor e dos visitantes. Elas e telas, por exemplo, precisam de climatização e iluminação adequadas.
E a moeda tem três lados, como certos rios têm três margens. Quando o Museu Nacional pegou fogo, no Rio, escrevi que isso seria impossível acontecer na França. Aí veio a Notre Dame…
O inglês, Sir Paul McCartney tem uma música, onde grita: “Devolvam a Irlanda aos irlandeses”. Assim, melhor deixar tudo como está. A Mona Lisa apodreceria no meio da selva e a Amazônia não cabe no Louvre.
PS: “Brigam Espanha e Holanda pelos direitos do mar. O mar é das gaivotas que nele sabem voar. O mar é das gaivotas e de quem sabe navegar. Brigam Espanha e Holanda pelos direitos do mar. Brigam Espanha e Holanda porque não sabem que o mar é de quem o sabe amar (Leila Diniz).
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Walter Navarro

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

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