29 de março de 2024
Joseph Agamol

A pobreza cultural endêmica do brasileiro


Vi hoje uma entrevista do jogador Cristiano Ronaldo à uma televisão portuguesa.
Expondo suas ideias com clareza e precisão, reforçou o que sinto quando vejo jogadores estrangeiros em atividade no Brasil falando em português.
Normalmente – e não importa seu país de origem, tanto fazendo se são peruanos, chilenos ou colombianos – os jogadores estrangeiros se expressam na língua portuguesa MELHOR que a maioria dos seus companheiros nascidos aqui no Principado do Bananistão.
E muitos são como o próprio Cristiano Ronaldo, de origem humilde: mas o futebol trouxe, para eles, a chance aproveitada de ganhar cultura.
A gigantesca maioria dos jogadores brasileiros pensa em ganhar apenas dinheiro.
Inclusive os que recebem a oportunidade de jogar em países como França, Inglaterra, Alemanha, Espanha e Itália, possuidores de uma riquíssima cultura.
Ao contrário, até: parece que, ao serem “obrigados” a jogar nesses países, a primeira coisa que jogadores brasileiros parecem fazer é criar uma bolha em volta de si, uma espécie de “mini-Brasil”:
Cercam-se de amigos, reais ou meros aproveitadores, produtos e referências da pátria.
Claro que não há nada errado em ganhar dinheiro.
Mas errado é, para mim, o fato de desperdiçarem, em sua esmagadora maioria, a chance de imergir em um magnífico caldo cultural – e dele emergirem como outros homens, ricos não só em dinheiro, mas em bens muito mais relevantes e imunes aos contratempos financeiros.
Escolhi os jogadores de futebol para exemplificar porque eles são um espelho que reflete muito claramente a nossa população:
O brasileiro, em sua maioria, é pobre culturalmente porque não valoriza a cultura – e a confunde com meras manifestações, como espetáculos teatrais e cinema.
Para o brasileiro médio, “cultura” é falsificar uma carteira para pagar meia-entrada no teatro e assistir à mais recente comédia besteirol de um astro da TV, e, terminando a peça, ir jantar em um restaurante de algum chef de reality show.

Joseph Agamol

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

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