16 de abril de 2024
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Conversinha de vovó


As abelhas são as top models do momento. Para quem pensava que o mel – que, aliás, eu adoro – era a sua única oferta para o mundo, pode ir sabendo que, segundo os cientistas, sem as abelhas, a vida na terra desapareceria.
Por serem o principal suporte de nossa civilização, a Royal Geographical Society declarou-as “os seres vivos mais importantes do planeta”. Segundo os estudiosos ingleses, entre 70% e 90% da produção de alimentos dependem do trabalho de polinização realizado por elas. “São insubstituíveis”, declarou o porta-voz da sociedade geográfica.
Como as pessoas adoram exagerar, a Suécia já construiu um monumento a esses insetos. Podemos ver na ilustração uma espécie de colmeia pós-moderna. Não sei se há uma placa – e se há, em qual língua está escrita – avisando às abelhas que essa coisa estranha lhes é dedicada. Enfim, vale a intenção. Para não ficar atrás em “mudernidade”, a cidade de Curitiba, Paraná, está liberando, nos parques, abelhas sem ferrão para elas continuarem fecundando as plantas, sem o risco de picar o distinto público. Há gente alérgica que morre com uma só picada. Não duvidem, as abelhas são poderosas.
Os ambientalistas, que arrumaram um novo assunto para gastar energia e dinheiro, pesquisam o motivo de tantas e tantas abelhas – milhões, dizem – estarem aparecendo mortas. Acusam os telefones celulares, cujas ondas poderiam interferir no senso de direção das abelhinhas, levando-as à morte por não encontrarem o caminho de casa. Quero dizer, da colmeia. Outros acreditam que o uso indiscriminado de pesticidas na agricultura é responsável pela matança dos bichinhos. Acho essa opção mais lógica. Mas cria-se um impasse. Claro, todo mundo gostaria de dispensar os agrotóxicos. Mas alimentar, segundo uma projeção da ONU em 2018, os sete bilhões e oitocentos milhões de habitantes do planeta não é moleza. A necessidade de garantir a subsistência acaba passando por métodos pouco recomendáveis, como a modificação genética de espécies vegetais e o uso de venenos nas plantações.
Para mim, porém, o detalhe mais importante da declaração dos ingleses de que as abelhas, além de insubstituíveis, são os seres mais importantes esbarra na existência dos meus quatro netos. Até acredito que as abelhas sejam o quinto ser vivo mais importante das galáxias. Mas os primeiros, não são mesmo. Importantes de verdade, realmente insubstituíveis, são a Tatiana, o Hugo, o Pieter e o Bernard.
Quanto às abelhinhas, aceito discutir o assunto com elas e com a Royal Geographical Society, que podem entender de ecologia, mas não são avós.
Não aceito que menosprezem os meus netinhos.

O Boletim

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