29 de março de 2024
Editorial

A página em branco e a broxada


“Sextou”! Dia de preparar minha coluna semanal e daí acontece aquela dúvida que, certamente todos já tiveram ao menos uma vez: sobre o que escrever?
É como a “primeira” broxada, aquela que diante da qual vc diz: “isso nunca me aconteceu antes…
É claro que já aconteceu, mas é o que nos vem à cabeça no momento, tentando encontrar uma desculpa”. Quem nunca?
Pois é, página em branco, para quem precisa escrever, é igual. Não falta repertório alternativo em nenhuma das duas situações, mas é muito chato. Não querendo ser redundante, mas já o sendo: é broxante!!!
O caso aqui, no momento, é o da página em branco. Você para, pensa e escolhe o assunto. Vai e escreve um parágrafo. Não gosta, deleta e escolhe outro assunto, volta a escrever e vê que não agradou… apaga de novo, daí você vai ficando irritado, sem se decidir o que escrever e, além disso, sobre que assunto?
É aquela sensação de “sumiram as letras do meu teclado”.  Estou nesta situação e vou escrevendo para ver se alguma ideia vem à minha cabeça. Vamos lá:
OLAVO DE CARVALHO: O filósofo ou ideólogo, guru de Bolsonaro, novamente vem à mídia atacar os militares do governo Bolsonaro. Desta vez a vítima foi o General Villas Bôas, ex-comandante do Exército. Disse Olavo: “Há coisas que nunca esperei ver, mas estou vendo. A pior delas foi altos oficiais militares, acossados por informações minhas que não conseguem contestar, irem buscar proteção escondendo-se atrás de um doente preso em uma cadeira de rodas”, numa clara referência ao General Villas Bôas, militar reformado, portador de E.L.A. (esclerose lateral amiotrófica) e hoje, assessor do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. O presidente veio a público pôr panos quentes e disse que o assunto é página virada. Ocorre que o ideólogo já atacara antes mais 2 generais do governo, o general Augusto Heleno e o General Santos Cruz. E Olavo conclui: “ninguém vai jogar o presidente contra mim, nem a mim contra ele!”. Já é hora de o Presidente pôr ordem na casa. Em primeiro lugar resolver a filhocracia, colocando rédeas nos seus filhos, pelo menos enquanto presidente, já que como pai, pelo que vemos, não conseguiu. Em segundo lugar, dizendo ao ideólogo, que adora palavras de baixo calão, que fique quieto e o deixe trabalhar permitindo que sua equipe, que já tem dificuldades suficientes, tente colocar o país nos trilhos.
ARMAS: O decreto presidencial aumentando o alcance da permissão de posse e porte de armas cumpre uma promessa de campanha. Garantistas e armamentistas, calma! Em primeiro lugar, o decreto não obriga ninguém a andar armado nem a comprar arma, apenas permite que, quem quiser e se enquadrar no decreto, possa adquiri-la. A quantidade de munições também foi alterada. Antes eram 50 por ano e agora são 1.000. Eu,  particularmente, não comprarei uma arma. Nunca a tive e não terei, mas acho que esta deve ser uma opção para quem assim preferir. É óbvio que a probabilidade de mortes e ferimentos por armas possivelmente cresça num primeiro momento, mas depois deve voltar à normalidade, assim penso. Os armamentistas alegam que se o bandido achar que você está armado, vai pensar duas vezes em te assaltar. É assim que muitos policiais estão morrendo, tentando reagir estando ou não armados e ainda devemos considerar que os policiais receberam treinamento. Bolas, alguém acha que o bandido de rua, de sinal, de arrastão, de carona na moto está de cara limpa? Claro que não, está, no mínimo, um pouco chapado quando não, drogado mesmo, não importando pra ele se você está ou não armado. A qualquer reação – ou mesmo sem nenhuma – ele atira e faz isso por reação instintiva e absoluta certeza de impunidade. Há um monte de casos em que eles simplesmente atiram mesmo depois de a vítima entregar seus pertences. Atiram por atirar.
COAF: Em mais uma derrota do governo, o nosso Congresso, através da Comissão Parlamentar Mista que aprecia a reforma administrativa do governo, retirou o COAF do Ministério da Justiça, tirando das mãos de Moro o controle sobre este importante órgão. Isto era óbvio que iria acontecer, pois mais de 70% (se não mais) dos parlamentares têm contas a ajustar (ou a esconder) da Receita e têm conseguido, através de suas ligações políticas, salvo um ou outro que é pego numa investigação ou numa delação. Com o COAF nas mãos de Moro, eles correriam um enorme perigo de serem pegos. É claro que isso iria acontecer e aconteceu ainda na Comissão Mista e terá que passar pelos plenários da Câmara e do Senado. Agora eu fico com uma pulguinha atrás da orelha: por que cargas d’água o Congresso tem que se meter no organograma do Poder Executivo? Onde está a independência dos Poderes? Quando a Mesa da Câmara ou do Senado resolve aumentar as verbas, o número de assessores, cabineiros e garçons de suas Casas Legislativas, nenhum outro poder se mete, apesar de todos os absurdos que já tomamos conhecimento. Por que então o Legislativo tem que se meter na estrutura orgânica do Governo. Na minha visão, cabe ao Presidente, junto com seu staff no governo, escolher com quantos  e com quais ministérios quer trabalhar, com quantas secretarias e que órgão fica sob qual departamento do governo. Não encontrei na Constituição nada sobre isso. É certo que procurei sem muita vontade de achar, mas tendo, seria um jabuti ou uma jabuticaba, impossível de ser defendida.
TEMER: Mais uma vez as garras da Justiça chegam no ex-presidente. Não sei se desta vez foi pelo mesmo motivo da anterior. Sei que esta é sobre Angra 3. Se isso for verdade, antes teria sido pelo Decreto dos Portos. Não importa. “Teje preso”! Pelo menos até 3a feira, quando o STJ deverá julgar o novo pedido de habeas corpus em favor do presidente. Com isso fortalece no povo a necessidade de eliminarmos o foro privilegiado e obrigar o cumprimento da pena após o julgamento em 2a Instância.

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

Advogado, analista de TI e editor do site.

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