18 de abril de 2024
Joseph Agamol

O brasileiro, esse ingrato


Em qualquer outro país do mundo, Pelé teria, não uma, mas dezenas, centenas de estátuas.
Quem, do chamado povão, (re) conhece Machado de Assis e Guimarães Rosa?
Provavelmente emprestam seus nomes a algumas escolas pelo Brasil – onde os alunos provavelmente jamais leram ou lerão algum de seus livros.
Tom Jobim? Um dos maiores críticos da fracassolatria do país, virou nome de aeroporto – homenagem que ele, certamente, rejeitaria.
Aí chegamos ao ponto que eu queria.
Olavo de Carvalho.
Tomei ciência de Olavo em 2013 ou 2014, quando vi seu livro, O Mínimo que Você Precisa Saber para Não Ser um Idiota, exposto na antiga Livraria Cultura, no Centro do Rio.
Detestei o título da obra – pareceu-me pretensioso e arrogante.
Aos poucos comecei a ouvir falar dele – sempre mal e sempre por aquelas gentes que sempre fizeram mal ao Brasil.
Resolvi comprar o livro – comecei a ler com um sorrisinho de deboche.
À medida que lia, o sorrisinho desaparecia – substituído por uma epifania da qual me recordo o ponto básico, até hoje:
COMO CARGAS D’ÁGUA AQUELE CARA TINHA CONSEGUIDO DESCREVER, COM EXATIDÃO ASSOMBROSA, O BRASIL E O MUNDO DE HOJE, HÁ DEZ, QUINZE, VINTE ANOS?!
O sorriso de deboche tinha desaparecido, substituído por riso de prazer autêntico, diante do humor fino e da cultura gigantesca de Olavo.
Ler Olavo representou, para mim, sair da caverna de Platão, onde as sombras eram representadas e contemplar, pela primeira vez, a realidade.
Sofreu, desde sempre, ataques ferozes, mas nada que se compare à fúria com que vem sendo açoitado desde que Bolsonaro foi eleito.
Dizem que não tem diploma.
Eu tenho.
Aprendi menos durante minha vida acadêmica do que com metade de um só livro dele.
Dizem que fala palavrões.
Chamam-no de astrólogo.
MAS NÃO CONSEGUEM REFUTÁ-LO, no que há de mais relevante em suas obras.
O fato é que, há mais de vinte anos, sozinho, Olavo cavou uma trincheira intelectual, sob fogo cerrado inimigo e em meio a campos minados.
Resistiu a rajadas de metralhadoras incessantes e pesados bombardeios ideológicos.
Sozinho.
Manteve essa posição por mais de uma década, sendo salvaguarda da liberdade de pensamento no Brasil contemporâneo.
Sozinho.
Se, hoje em dia, desfrutamos uma pálida esperança em mudar o Brasil, uma boa parte dela se deve ao fato de esse cara, um dia, ter arregaçado as mangas, ter pego uma pá e ter-se entrincheirado contra os inimigos da liberdade.
É só o que eu penso – e o que eu penso não está na mesa para debate.
É só o que senti que precisava dizer a respeito do professor Olavo.
Portanto, peço-lhes que, caso desejem falar mal do professor, façam-no em suas próprias páginas. Aqui não.
Not today, como diriam os fãs de GOT.
Porque aqui, nessa indústria vital, trabalhamos com GRATIDÃO.
Boa noite.

Joseph Agamol

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

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