29 de março de 2024
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A trágica Semana-Santa

Ontem completou uma semana do incêndio de um dos mais importantes símbolos ocidentais. No primeiro dia da Semana-Santa, a mais importante comemoração do calendário cristão, a catedral de Notre Dame pegou fogo.

Notre Dame testemunhou mil anos de História. Nela, cruzados rezaram. Em seu átrio, Jacques de Molay, grão-mestre dos Cavaleiros Templários, foi queimado vivo. Durante séculos, soldados depositaram em seus altares a esperança de voltar vivos de diferentes campos de batalha. Em uma das capelas laterais, escondidos, casaram-se Abelardo e Heloísa, santificando a sua trágica história de amor. Em Notre Dame, Napoleão Bonaparte foi coroado – coroou-se, dizem. Talvez, guilhotinados da revolução francesa tiveram-na como uma das últimas visões. A catedral representava o amadurecimento do pensamento, da filosofia, da pintura, da religião, da literatura, da música e de tantas outras manifestações que faz de nós seres humanos mais dignos.
Uma das maravilhas da humanidade queimou, perdeu-se o que nunca mais poderemos ter, e o assunto, parece, já caiu no esquecimento. Pouco se fala do que considero uma das grandes tragédias dos últimos séculos. Será de propósito que se jogou esse assunto para escanteio, como se nada demais tivesse acontecido?
Assisti, em prantos, as chamas destruírem a catedral. Olhava para a televisão e não conseguia acreditar. Os locutores que transmitiam a catástrofe afirmavam que o fogo começara em um curto-circuito. Uma semana depois, ninguém sabe onde foi o curto-circuito, por que ele aconteceu, quem era o engenheiro responsável, se havia um eletricista-chefe. Há apenas silêncio, não há respostas. Sinto-me em pleno direito de duvidar.
Anteontem, Domingo de Páscoa – para nós, cristãos, a celebração da vida -, sete fanáticos suicidas deixaram-se explodir em hotéis de luxo e igrejas católicas no Sri Lanka causando centenas de feridos e cerca de 290 mortos. Entre eles, três dos quatro filhos do dinamarquês Anders Povlsen, uma dos homens mais ricos do mundo.
Não sou leviana a ponto de escrever o que penso. Mas penso e me revolto. Vejo o mundo se comportar como um corno-manso (sem machismo, gente, corno de todos sexos, inclusive trans) que sabe que é traído, sofre por ser traído, mas não tem coragem de reagir.
Até quando, meu Deus, seremos tão covardes?

O Boletim

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