28 de março de 2024
Ligia Cruz

Baixas no MDB


Alguém esperava que Michel Temer seria esquecido? Justo o ex-parceiro e mais novo desafeto do PT? O síndico do MDB vai ficar preso igualzinho ao ex-compadre de Curitiba e perto do Pezão(Luiz Fernando de Souza), colega de partido e ex-governador do Rio.
A essa altura da vida, perto dos 80 anos, ser pego do lado de dentro do balcão, é coisa para amadores. Seus oito celulares estavam grampeados pela justiça. Não tinha como escapar. E ontem, 21 de março, caiu nas garras da força-tarefa da Lava-Jato carioca, operação Radioatividade, sob o comando do juiz, Marcelo Bretas, titular da 7° Vara Federal Criminal do estado do Rio de Janeiro.
Ao longo de sua trajetória política Temer ocupou cargos que muitos políticos sonham ter. Ele chegou à presidência da República, em 2016, com o impeachment de Dilma Rousseff. Foi ex-presidente do país, da Câmara dos Deputados, reconhecido pelos seus pares como hábil negociador e professor de direito. Destacou-se na vida pública também como secretário da Segurança Pública e procurador-geral do estado de São Paulo. Seu erro foi deixar o rabo comprido no meio do corredor.
A operação Radioatividade, da Lava Jato, identificou um engendrado esquema criminoso para pagamento de propina na contratação das empresas Argeplan, do seu amigo Cel João Batista Lima F°, AF Consult Ltd e a Engevix, para a execução do projeto de engenharia da usina nuclear Angra 3.
Esse tripé foi formado propositalmente para desviar R$ 1,9 milhão para Michel Temer, fora o quinhão do restante da quadrilha. O montante foi quitado em 2014.
Só que Temer não aprendeu nada com os “brimos” libaneses: mais discrição, menos vaidade. Coisa difícil para um político que não se contenta em não estar em evidência, bem ao estilo do MDB, com ou sem “p”.
Pela mesma razão caiu na cilada de Joesley Batista e o seu memorável gravador. Armação do PT. As negociatas discretas na penumbra da madrugada, próprias de quem suga alisando, deram consistência às investigações da Polícia Federal.
Óbvio que o conde da tupiniquinlândia, mesmo com prisão provisória, logo terá um piripaque por falta de sangue. Diferente do ex-comparsa de tramoia que prefere um goró. Será que só mesmo trancafiados, entre quatro paredes, que esses trambiqueiros largam a fleumática oratória da mentira? Será que choram de arrependimento só um tiquinho?
O quase monge Wellinton Moreira Franco, ex-governador, ministro etc e atual sogro do arrogante Rodrigo Maia, também dançou.
Um dia após cuspir farpas na direção de Sérgio Moro, o presidente do Congresso tomou um chá de sumiço e saiu do ar. Deve ter ido se consolar com o papai, César Maia, que não se elegeu senador no último pleito e portanto tem muito tempo disponível para alinhavar nos bastidores.
No momento estão presos dois ex-presidentes da República – feito inédito no mundo – e cinco ex-governadores, todos do Rio de Janeiro foram enjaulados. Fora ex-ministros, deputados, senadores, empresários e outros tantos envolvidos de diversas áreas, totalizando mais de duas centenas de nomes pegos pela Lava jato. E tem muito mais. A fila anda.

Ligia Maria Cruz

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *