20 de abril de 2024
Adriano de Aquino

Troféu deboche 2018


Raul Jungmann divide com Marco Aurélio de Mello (MAM) o troféu Deboche 2018. Estilos diferentes, os dois se igualam em hipocrisia.
MAM debocha da sociedade ritmando sua voz mesclada a um sorriso irônico, como os personagens ‘comix’ de produção de baixo custo.
Jungmann, com suas expressões faciais de ridícula seriedade, é ilustração alegórica do sumo pontífice da arrogância.
Os dois, premiados com o Troféu Deboche 2018, se colocam como filtros morais da Justiça.
Para eles, as instituições são instâncias bem acima da sociedade que os dois igualmente desprezam.
Ao dizerem como o Estado deve se colocar sobre os temas de Justiça, eles revelam o método que o ‘sociologismo’ de gabinete usa para se livrar da responsabilidade frente ao gigantesco fracasso do Estado no tocante a segurança pública e ao sistema prisional.
Os dois compartilham a fórmula simplista de tirar o ‘corpo fora’ ao criticar os métodos arrastados e irresponsáveis de uma Justiça intencionalmente ineficiente, incapaz de fazer valer seu custo. MAM ‘lava as mãos’ frente ao caos jurídico provocado por milhões de processos que jamais chegam a ‘transitados em julgado’.
É claro que há algo ‘emblemático’ no impasse que se sobrepõem aos ritos de justiça e que favorece a impunidade.
Raul Jungmann, interpretando um paladino de gibi, repete como papagaio o que outros ministros igualmente incompetentes, disseram: “Os presídios brasileiros são medievais. Verdadeiras escolas do crime”.
A arrogância desses dois ridículos premiados pode ser resumida assim:
Eles, como membros da mais alta instância de poder estatal, são inimputáveis. São contra as violações dos direitos dos cidadãos presos, vítimas de processos atolados em escaninhos de instâncias inferiores que não lhes dizem respeito.
Eles pretendem se mostrar como peças ‘sensíveis’ da máquina paquidérmica e ineficiente de um Estado brutal o qual – na verdade – estão inseridos de corpo e alma.
Aliás, são pessoas assim (Jugmann /MAM) que formam a ‘alma’ do Estado brasileiro.
O que se revela, em suas debochadas manifestações, é que eles se consideram bastiões de uma Justiça hipotética e autoridades isentas na perversidade do sistema.
No fundo o que eles dizem é que só há uma culpada pela tragédia nacional: a sociedade brasileira que agora clama por segurança pública e justiça porque está possuída pelo ódio e mobilizada pela vingança.

Adriano de Aquino

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

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