19 de abril de 2024
Vinhos

Um equilíbrio muito delicado


Vivemos uma era de grande competitividade, em todos os aspectos. Em lugar de usar expressões como “estou vivendo” deveríamos assumir imediatamente que, na verdade, “estamos competindo”.
A evolução tecnológica, que entrou e se instalou definitivamente no nosso modus vivendi, contribui enormemente para esta mania de registrar e publicar, nas redes, tudo o que acontece conosco ou em torno de nós. As selfies que o digam.
No mundo do vinho não é diferente. A principal rede social dos vinhos, Vivino, tem como pano de fundo uma velada disputa por quem bebe e melhor avalia vinhos. Junte-se a isto a turma dos ‘foodies’ que fotografam tudo que estão comendo e publicam no Instagram, Pinterest ou Facebook, e temos um quadro completo.
Mas é preciso ter muita harmonia nestas escolhas, um equilíbrio muito delicado que vai envolver tradição, modernidade e inovação.
Imaginem-se numa situação típica: mesa de um bom restaurante, pratos de carne são encomendados e você, encarregado de escolher um vinho, decide por um correto e tradicional Cabernet. O Sommelier torce o nariz e lhe sugere uma outra opção, um Tannat, por exemplo, que nem entra na sua lista particular de vinhos “entornáveis”.
E agora José?
Você escolhe o que está acostumado e gosta ou arrisca descobrir novos paladares?
Transitar por esta tênue linha entre o que o consumidor gosta, o que a tradição sugere e o que profissionais do ramo aconselham, é uma das situações de maior complexidade enfrentadas por um apreciador de bons vinhos e boas comidas. Um assunto tão importante que transcendeu a linha do horizonte e se tornou linha de pesquisa em respeitadas escolas, como a Michigan State University (MSU).
Pesquisadores desta instituição de ensino resolveram provar, cientificamente, a teoria proposta pelo Mestre de Vinho (MW) Tim Hanni, na qual ele considera que as nossas preferências por determinados vinhos decorrem de fatores genéticos e ambientais e que o que chamamos de gosto (alimentos e bebidas) se modifica ao longo do tempo, de acordo com as experiências que cada um vive.
Hanni definiu quatro categorias ou Vinho-tipos:
Doce – pessoas muito exigentes na escolha de seus vinhos, assim como em outros aspectos de sua vida. Preferem vinhos mais adocicados, leves e menos alcoólicos. Gostam de bebidas gaseificadas e sal não é um problema. Um grande contingente feminino se enquadra nesta categoria.
Hipersensível: indivíduos ainda bastante exigentes quanto as suas escolhas, mas com a mente aberta para novas experiências, desde que não seja nada muito exótico. Aqui se enquadram pessoas que reclamam de sons muito altos ou locais muito quentes ou muito frios…
Sensível: compõem a turma do equilíbrio e da moderação, principalmente na escolha de seus vinhos. Passeiam por todo o espectro disponível. São as pessoas flexíveis, com um espírito livre e mais relaxadas.
Tolerante: aqui se enquadram aqueles que preferem vinhos intensos em cor, aroma, sabor e corpo. Nada de “vinhozinhos”. São pessoas que decidem e pensam de forma linear. Não se desviam de seu curso. Preferem café forte e queijos com sabores acentuados.
A pesquisa observou os padrões de consumo e as preferências por alimentos e bebidas de um grupo de adultos. Os voluntários participaram de exercícios de degustação de forma individual e em grupo.
Os resultados foram animadores a ponto de os pesquisadores conseguirem prever a preferência vínica de um indivíduo, baseado apenas nos seus hábitos alimentares.
A conclusão do pesquisador chefe, Dr. Carl P. Borchgrevink, Ph.D, foi:
“O cliente (de um restaurante) deve optar pelos seus vinhos preferidos em detrimento das sugestões oferecidas por um Sommelier”.
O autor da teoria, Tim Hanni, acredita que quem manda é o palato de cada um.
“Não se deixe intimidar por ofertas fora de sua zona de conforto. Um bom Sommelier deve lhe perguntar qual é a sua preferência”.
Gerou polêmica, obviamente…
Para descobrir em qual é o seu Vinhotipo, façam o teste neste site. A tradução para português não é das melhores.
https://www.myvinotype.com/pt-br/
(entre com Facebook, G+ ou cadastro no site, gratuito)
Saúde e bons vinhos!
Vinho da Semana: a estação é boa para os rosados. Este vem numa bela garrafa.
Côtes de Provence Royal Saint Louis Blason Rosé 2015 – $

Com a cor brilhante de pêssego-rosa, possui aroma doce e elegante, com notas frutadas e florais. O paladar é estruturado, amplo e equilibrado. Imperdível.
Harmonização: Antepastos, Embutidos e Frios, Pão ou Torrada com Pastas Diversas, Salada de Legumes, Caldeiradas ou Sopas com peixes, crustáceos e maiscos, Paella.
Compre aqui: www.vinhosite.com.br

 

Tuty

Engenheiro, Sommelier, Barista e Queijeiro. Atualiza seus conhecimentos nos principais polos produtores do mundo. Organiza cursos, oficinas, palestras, cartas de vinho além de almoços ou jantares harmonizados.

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Engenheiro, Sommelier, Barista e Queijeiro. Atualiza seus conhecimentos nos principais polos produtores do mundo. Organiza cursos, oficinas, palestras, cartas de vinho além de almoços ou jantares harmonizados.

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