Tristeza extrema, amargura, desgosto profundo descrevem os sentimentos ao ler algo assim. A infância não pode se tornar refém de um prato de comida. Esses que estão aí no topo de seus egos fazendo promessas eleitoreiras têm que conhecer de perto esse drama. Ir lá, olhar essa realidade fora dos castelos de Brasília. Crimes cometidos contra a inocência em troca da necessidade mais intrínseca da sobrevivência que é comer.
Crianças do Norte do país e de outras regiões pagam pedágio em barcaças, em caminhões, em barracos, beira de estrada com o próprio corpo. É aterrador.
Os candidatos arrogantes e mentirosos que estão na mídia não falam sobre isso porque não se importam, seguem os scripts das promessas vãs porque funciona assim há séculos. Todos empenhados tão somente em seus discursos, na partilha alucinada das legendas de aluguel, tudo azeitado com dinheiro público. Um festival de bestialidades todos dias.
Para quê? Governar só as riquezas. A dor do outro, o estômago ôco, a infância perdida que se danem. A miséria travestida em crime hediondo não dá ibope. Arrebata a dignidade do brasileiro invisível mas não é importante. É traço nas estatísticas.
Não é possível ser contemporâneo de um fato tão grotesco como a violação infantil e engolir a seco. Inimaginável o terror dessas crianças diante da brutalidade monstruosa de estupradores de corpos e almas.
Nessas horas pensa-se em pena capital, em revide, em esmagar esses criminosos com as próprias mãos. Mas aí nos tornaríamos animais irracionais e os exemplos das penas das leis estariam mais distantes de quem deseja um país mais humano e com sentenças exemplares.
Nada de trégua para essa gente que mata a esmo, afoga sonhos e extermina a infância. Lembremos disso ao votar, já que somos obrigados a ir ao pleito nesse país de cínicos. Ouvir toda hora sobre a manutenção do estado de direito de que tanto se fala na suprema corte soa falso.
Por isso, mais importante que o presidente é o parlamento que escreve as leis que queremos. Os que aí estão se preocupam somente com as verbas de seus gabinetes, com o que abocanham e com o próprio enriquecimento.
Como senadores e deputados do Pará e região amazônica não sabem disso? Como dormem em suas mansões com seus filhos protegidos enquanto os filhos da miséria estão sendo brutalizados todos os dias? Deveriam renunciar em bloco por incompetência.
Não há sequer uma fração de segundo gasta com essa gente esquecida, meninas sem futuro, marcadas para sempre em um país sem leis justas. Desgosto profundo.
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Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.
