25 de abril de 2024
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Festinha de fim de ano

Em Portugal está começando o verão, início das férias grandes. Chegou a época das festinhas escolares de fim de ano, programa para o qual pensava estar dispensada Qual o quê, arrumei um neto postiço aqui. Lá fui eu prestar minhas homenagens ao pequeno que fez questão de me convidar. Fiquei emocionada, ele é um encanto. Tem oito anos e já vai para a terceira série. Detalhe: com os brasileiros fala com o nosso sotaque. Com os colegas de escola é um legítimo luso. Muito gracinha.

Esperava uma festinha improvisada, como se usa no Brasil. Tropecei num movimento de extraordinário respeito à educação e às crianças. Confesso o meu espanto.
Uma semana antes da data marcada, recebi um convite em nome do Município do Porto e das entidades que apoiam o evento, tops na cultura da cidade: a Casa da Música e o Museu de Serralves. O teatro onde aconteceu a festa é o mais importante do Norte de Portugal, o Coliseu. Artistas profissionais foram os mestres-salas e os jovens do liceu – o nosso segundo grau –, funcionavam como os gentis seguranças. Em pé ao lado das cadeiras onde sentavam as crianças, eles cuidavam para nenhuma sair do lugar ou se perder. Surpreendi-me com o número de vezes em que fomos alertados a não publicarmos fotos nas redes sociais. Embora a cidade do Porto compreenda a corujice familiar, a segurança das crianças era mais importante.
Aos alunos, em alegria bem educada, foi reservada a plateia. A tribuna de honra, aos pais. No meu caso, a avó. Torta, mas avó. Na rua, policiais bem fardados, que aqui são muito respeitados, controlavam o trânsito. Nenhum carro se atreveu a passar em excesso de velocidade.
O evento durou hora e meia, tempo suficiente para a meninada apresentar surpreendente criatividade, que os professores, aliados aos profissionais do Museu de Serralves e da Casa da Música, foram burilando durante o ano.
Dois curtas de animação, uma apresentação musical, uma peça – emocionante e linda – questionando a personalidade das cores e, por fim, apresentação de Ioga.
Sim, aqui os alunos fazem ioga para relaxar e aliviar as tensões do dia.
Aparentemente refiro-me à festinha do colégio do príncipe George de Cambridge. Absolutamente, era apenas a cerimônia de encerramento do ano letivo das escolas públicas da cidade do Porto.
Meu sentimento foi de alegria por constatar que o “neto” merece tanto respeito e tem acesso a um ensino de tão grande qualidade. Simultaneamente, tristeza pelo desprezo com que a educação é tratada no Brasil.
Acho que estou sem palavras.

O Boletim

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