20 de abril de 2024
Lucia Sweet

Continuando com a poesia


Tem horas – raras – que eu tiro e penduro minha roupa de mulher maravilha num cabide do armário e me ponho a chorar.
Ninguém consegue evitar as perdas. Amanhã seco as lágrimas e dou um sorriso.
Mas hoje choro a noite inteira. Sei que a única maneira de aguentar é aguentando.
Como o meu coração é uma ferida aberta, é suscetível até a um sopro.
Por isso procuro viver quase em reclusão, porque as pessoas não são muito cuidadosas e não sabem, ou não se importam, que têm o poder de me magoar muito mais do que imaginam. E nunca vão saber, porque não demonstro.
Mas tudo passa, me recolho e aceito minha fragilidade sempre oculta, mas inerente à natureza humana e mortal.
Creio que o que sinto se passa também com a maioria das pessoas. Só que ninguém gosta de demonstrar sentimentos e muito menos fraquezas.
Tem um ditado que diz: sorria, e o mundo todo sorrirá com você; chore, e chorará sozinho. Sou uma milionária em sorrisos.
Viva a vida, até que a morte nos separe. E termino este texto com essa poesia, tão verdadeira.
Quem passou pela vida em branca nuvem
E em plácido repouso adormeceu,
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu,
Foi espectro de homem, e não homem,
Só passou pela vida, não viveu.
Francisco Otaviano

Lucia Sweet

Jornalista, fotógrafa e tradutora.

Jornalista, fotógrafa e tradutora.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *