25 de abril de 2024
Erika Bento

Ambulância sobre duas rodas

Nove da noite. Meu marido começa a sentir arritmia cardíaca, sintomas de pressão alta, falta de ar e dor no peito. Poderiamos correr ao hospital, mas ele achou melhor chamar logo uma ambulância. Em menos de cinco minutos a campainha tocou. Literalmente em menos de cinco minutos, talvez tenham se passado três, no máximo! Depois de atender ao interfone e abrir a porta para uma educada voz feminina, corro até a janela e vejo uma moto pintada de amarelo e verde parada na porta do prédio. Não uma moto qualquer, mas uma moto-ambulância!

Corro para abrir a porta do apartamento, visto que já começo a ouvir passos apressados pela escada. Moramos no segundo andar de um prédio sem elevadores e, para a minha surpresa, sobe aos galopes uma mulher carregando duas bolsas aparentemente pesadas, mas sem apresentar um pingo de sacrifício, digna de uma atleta. Ela entra rapidamente no apartamento e eu abro caminho até o quarto para que atenda meu marido deitado na cama.
A tal paramédica começa a abrir as malas e fico surpresa ao ver praticamente todos os equipamentos necessários para os primeiros socorros, inclusive desfibrilador. Mas não só. A atendente fez até um eletrocardiograma! Dez minutos se passaram e a verdadeira ambulância chegou. Mais dois médicos subiram as escadas e os três ficaram em volta da cama, prestando os devidos atendimentos. Não que ainda faltasse algo a ser feito. A primeira médica já havia feito tudo e passou um relatório completo aos colegas.
Felizmente, não era um ataque cardíaco, mesmo assim, acharam melhor levá-lo ao hospital para exames de sangue e meu marido foi com eles. Não na moto! Esta seguiu para salvar outras vidas, chegar antes de qualquer equipe no próximo local.
Enquanto meu marido estava no hospital realizando os exames, fiquei pensando na nossa grande São Paulo. Com o trânsito engarrafado como é, uma moto-ambulância poderia ser uma ótima solução. Isso se as próprias motos não fossem alvo de milhares de acidentes, todos os anos. Segundo um levantamento realizado pelo Hospital das Clínicas, entre fevereiro e maio deste ano (apenas 3 meses!), foram registrados 310 acidentes com motos, num total de 326 vítimas! Seria impossível termos uma moto-ambulância na capital paulista, o que é uma grande pena.
Ah! As ambulâncias sobre duas rodas estão também sobre bicicletas! Dá pra acreditar? Pois acredite. No kit destes paramédicos ciclistas constam: desfibrilador, oxigênio, monitor de batimento cardíaco, equipamento para medir a pressão, máscaras de oxigenação para adultos e crianças, além de todos os tipos de remédios emergenciais (para asma, diabetes, curativos, etc). No centro da cidade, onde há muitos pedestres e ruas estreitas, eles conseguem se deslocar rapidamente e prestar atendimentos em um atropelamento, por exemplo, em poucos minutos.
texto publicado em 05/12/2013

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