29 de março de 2024
Tecnologia

Mitos e dicas sobre baterias de smartphones


Como organizar as cargas e descargas das baterias de seus telefones? É verdade que as baterias de smartphones viciam? Comprei o celular novo, preciso fazer uma carga completa? Quanto tempo devo deixar carregando o telefone?
Por Nicolas Muller
Muitas vezes nos deparamos com opiniões diferentes sobre como carregar ou manter a vida útil das baterias de smartphones. Sabemos que a tecnologia atual, baseada em íons de lítio atualmente é o melhor custo benefício, as baterias são leves, capazes de produzir alta densidade de energia e ainda são recarregáveis. O defeito delas ainda é contar com pequeno ou quase nulo o efeito de perda de memória.
Muitas pessoas nos perguntam como atuar no dia a dia com as baterias de seus dispositivos, será que é bom carregar o smartphone a noite inteira? ou seria melhor deixar ele acabar a bateria para recarregar? Pesquisamos e conversamos com algumas fabricantes de smartphones no Brasil e vamos agora sanar as suas dúvidas.
Mas, antes de começarmos, vamos entender um pouco o funcionamento das baterias de íon de lítio.
Como funcionam as baterias de íon de lítio?
Nós precisamos entender como as baterias funcionam para entender como elas se degradam. Sabendo compreender a degradação da bateria, podemos evitar ações que desgastam a bateria, aumentando assim, a vida útil de nossos aparelhos.
O funcionamento das baterias lítio se dá através de uma reação física/química, que movimenta eletrodos e íons de lítio, esse fluxo gera uma corrente elétrica, que alimenta smartphones, notebooks, tablets e até carros elétricos (que nesses casos tem a energia elétrica convertida para mecânica). A figura abaixo ajuda a compreender o funcionamento básico de uma bateria:


Durante a descarga da bateria, os íons de lítio migram do ânodo para o cátodo, e os elétrons se movem através de um circuito externo na mesma direção dos íons. Esse movimento gera uma corrente elétrica que é enviada pelo circuito para que o dispositivo faça proveito dela.
A carga é o inverso. Existe uma fonte de energia externa, carregador, que aplica uma sobretensão forçando os íons de lítio passar na direção inversa. Quando não houver mais íons de lítio para serem atraídos, a bateria está carregada por completo.
Entendendo previamente o funcionamento das baterias, onde os íons e elétrons são movimentados conforme for o estágio, podemos perceber que existem os polos, o eletrólito e os próprios íons que necessariamente precisam estar em pleno funcionamento para manter a bateria funcionando corretamente.
Perguntamos aos nossos leitores através de enquetes no site, Facebook e Twitter, como eles tratam o carregamento da bateria. A grande maioria das pessoas, mais de 60% delas, deixa o smartphone carregando durante a noite, enquanto dorme. É fácil entender esse hábito, simplesmente por necessidade de manter o outro dia com carga total, os usuários tendem a carregar o smartphone durante o período de sono. Ao acordar, o aparelho está completamente carregado, pronto para mais um dia de uso. Mas seria esse o modelo ideal de carga? Vejamos agora algumas perguntas que são dúvidas frequentes das pessoas com relação a baterias.
É verdade que as baterias de smartphones “viciam”?
As fabricantes foram unânimes em não classificar o termo vício, mas sim perda de vida útil. A Positivo afirma que as baterias ainda perdem a capacidade, muito menos do que antigamente. Já a ASUS afirma que as baterias de íon de lítio usadas nos smartphones não trazem mais essa característica conhecida como “memória de carregamento”. Era comum em baterias de níquel.

Comprei o celular novo, preciso fazer uma carga completa, ou até 12 horas como algumas lojas recomendam?
Aqui as respostas foram variadas, mas a grande maioria das fabricantes sugere fazer uma carga completa, não para calibrar a bateria, mas sim pelo uso intenso que o aparelho terá nas primeiras horas, com atualizações, instalações e configurações. E não será necessário 12 horas de carga como algumas lojas de celulares informam. Sim, carregar por completo. Chegando as 100%, pode utilizar o aparelho.
A Positivo indica seus clientes a carregar e descarregar por completo a bateria nos três primeiros ciclos. Para calibrar a medição de carga e evitar que o aparelho mostre uma porcentagem de carga diferente do nível real.

Quanto tempo devo deixar carregando o telefone? Posso deixar a noite toda?
A Asus tem um sistema que administra a carga de bateria. Quando atinge 100%, a carga pausa automaticamente e também evita os chamados microciclos de carga (pequenas descargas e recargas quando o telefone está ligado).
A Sony tem uma tecnologia chamada QNovo, que detecta automaticamente os hábitos de carregamento mais comuns do usuário e controla o ritmo de carregamento para que a bateria chegue até 90%, pause o carregamento e volte a carregar até os 100% próximo ao horário que o usuário normalmente desconecta o Xperia do carregador.
A Positivo declara que o ideal é evitar que o aparelho fique carregando durante a noite toda. Deixar o aparelho conectado ao carregador com o nível de bateria em 100% por algumas horas pode, em longo prazo, reduzir a capacidade de armazenamento da bateria.
A Multilaser diz que o produto é projetado para fazer uma gestão inteligente de energia, para que o usuário não tenha que se preocupar com vícios, desgaste de bateria, ou hora certa para conectar o aparelho para recarregar.
A Motorola afirma que os carregadores e smartphones da marca possuem sistemas de proteção que evitam que as células de carga atinjam estados extremos, assim os usuários podem deixar o aparelho ligado ao carregador a noite inteira.
Em resumo, pode ser usado o carregador a qualquer momento, durante o período que for necessário. Portanto, pode sim carregar a noite toda.

Devo descarregar toda a bateria para recarregar?
Segundo a Asus, essa prática reduz a vida da bateria porque quanto maiores os ciclos de carga e descarga, maior o stress sobre a bateria e menor será a vida útil. Quanto menores forem os ciclos de carga e descarga da bateria, maior será a vida útil da bateria. O ideal para aumentar a vida útil de uma bateria é fazer sempre cargas parciais.
A Positivo orienta que esgotar o nível de bateria toda vez também não é bom. O ideal é procurar manter o nível da bateria acima de 20%.
A Motorola cita que não se faz necessário a descarga por completa, pode-se sim usar o carregador quando precisar, independente do nível de carga.
Resumindo, as fabricantes são contra a descarga completa para evitar os ciclos de carga/descarga.

Faz mal usar o smartphone enquanto carrega?
A Asus, Motorola e Multilaser informam que é possível usar o smartphone normalmente, sem restrição. A Multilaser completa dizendo que o sistema de alimentação diminui a potência de carga caso seja necessário para evitar superaquecimento e desgaste prematuro do produto.
A Sony e a Positivo são contra, principalmente pelo motivo de aquecimento do aparelho.
Apesar de algumas fabricantes serem contra, a maioria afirma que é possível usar o aparelho, desde que seja cuidada a temperatura do mesmo.

Vou deixar meu smartphone desligado por mais de uma semana, qual o nível de bateria que devo deixar?
A Positivo orienta a manter o smartphone com cargas entre 50 e 80%. E em aparelhos com bateria removível, o ideal é remover a bateria antes de armazenar o aparelho.
A Sony argumenta que quanto mais próximo dos 100%, mais bateria ele vai ter quando for ligado novamente.
Já a Asus indica também carga parcial entre 50 e 70%, mantendo o aparelho em um local onde a temperatura não seja elevada.
A Motorola não define um valor mínimo, contudo, se for para deixar o aparelho desligado por muito tempo, sugerem a metade da carga, 50%.
A Multilaser afirma que baterias fabricadas a partir de 2017 tem um sistema de proteção que só será acionado caso ocorra um superaquecimento, portanto o nível de bateria pode ser qualquer um.
A pior coisa que pode acontecer para uma bateria é aquecer?
Sim, uma das principais causas de degradação das baterias é o aquecimento excessivo. Quando ela superaquece, podem ocorrer redução na reação química do eletrólito para o ânodo, a decomposição do eletrólito, oxidação do eletrólito pelo cátodo, decomposição do ânodo e do eletrodo. Tudo isso causam curto circuitos, que podem até causar explosões. E já noticiamos muitas delas aqui no Oficina da Net.
Todas as fabricantes foram claras ao afirmar que você não deve manter o smartphone em locais onde há incidência de sol, dentro de carro fechado, ou mesmo utilizar o aparelho em atividades pesadas enquanto carrega.
O ideal é que a bateria não ultrapasse os 45ºC. Portanto, se o smartphone estiver mais quente que a sua mão, mantenha-o em repouso até ele diminuir a temperatura. Você pode medir a temperatura da bateria com os apps Aida 64 ou CPU-Z.

Nunca posso parar de carregar um eletrônico antes de a carga chegar a 100%?
As baterias atualmente usadas em equipamentos eletrônicos são as de polímero de íon de lítio, que dispensam o cumprimento de ciclos completos de carga e descarga. Por isso, o usuário pode desconectar o equipamento da tomada antes da bateria estar 100% carregada.
Mitos e dicas sobre baterias de smartphones
Algumas dicas deixadas pelas fabricantes
Dentre as respostas das fabricantes, recebemos também algumas dicas para que os consumidores possam ter mais consciência de uso dos aparelhos.
Motorola
A seguir listamos alguns cuidados importantes relacionados com segurança, prolongamento da vida da bateria e meio ambiente:
evite expor o produto e/ou bateria a fontes de calor elevado e/ou umidade;
nunca tente remover uma bateria fixa. Alguns modelos são projetados com a bateria integrada e que podem ser danificados caso a mesma seja removida por pessoa não especializada;
embora alguns aparelhos possuem baterias removíveis, nunca use materiais pontiagudos ou cortantes para desencaixá-las do smartphone;
nunca tente abrir, cortar ou incinerar uma bateria;
sempre que for descartar algum aparelho eletrônico ou bateria, procure um local apropriado. Jogar esses itens em lixo comum pode causar danos ao meio ambiente. Os quiosques e assistências técnicas da Motorola estão preparados para o recebimento e correta destinação destes materiais.
Multilaser
Além dos produtos Multilaser serem certificados pela Anatel, todos eles passam por uma homologação que compreende uma série de testes de qualidade externos e internos, em laboratórios parceiros e em nossos próprios laboratórios no Brasil e na Ásia. O extenso caderno de testes garante a segurança, desempenho e qualidade dos produtos. Isso se aplica para qualquer produto lançado pela Multilaser.
Alcatel
A recomendação da Alcatel, é sempre utilizar os acessórios originais do fabricante.
Veredicto
Podemos notar que as fabricantes são enfáticas em garantir que não há mais vício de bateria, sim uma vida útil que é degradada conforme o mal uso do aparelho. Principalmente por expor a bateria a uso constante em altas temperaturas. Evite:
Deixar o smartphone exposto ao sol;
Usar a câmera por tempo prolongado;
Carregar o celular enquanto faz atividades intensas como jogar; O jogo por si, vai aquecer o smartphone, pois será necessário desempenhar um processamento maior. A carga também aquece o aparelho, portanto, duas atividades que vão superaquecer pode danificar as células da bateria.
GPS no veículo + carregador: esse pode ser um vilão. Geralmente usamos um suporte que é preso ao vidro, deixando o smartphone exposto ao sol, com o GPS, carregador e tela ligados, o celular tende a esquentar muito. Existem suportes que são presos a saída de ar do veículo. Além da saída de ar ajudar a refrigerar o produto, ele estará protegido da incidência solar.
Também podemos afirmar que as fabricantes garantem a carga noturna sem danificar o produto, os sistemas de carregamento identificam que não há mais necessidade de carga e “desligam” o carregador.
Marcas participantes:
Alcatel: Henrique Cruz, Engenheiro de CTS da Alcatel Brasil.
Asus: Henrique Costa, gerente de produtos.
Motorola: Thiago Masuchete, gerente de produtos da Motorola.
Multilaser: Alan Passos, Product Engineering Supervisor.
Positivo/Quantum: Cristiano de Freitas, Diretor de Negócios em Mobilidade.
Sony: Ana Peretti, diretora de marketing.
Fontes: Youtube | Explain That Stuff | Rdmag
Fonte: OFICINA DA NET

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