25 de abril de 2024
Walter Navarro

Porto Exageradamente Muito Alegre


O melhor da festa é esperar por ela? Há controvérsias porque tem festa que vira velório. Tem chope com água, alegria de pobre… Principalmente no Brasil. A Copa do Mundo e dos 7X1 é ainda um exemplo neste ano de Copa da Rússia.
Neste mesmo 2018 de eleições para presidente, o julgamento de Lula, amanhã, daqui a pouco, em Porto Alegre, acena com ares de tumba para muitos brasileiros, no mínimo 50 milhões, aqueles que desejam, mas acham que não vão, tão cedo, vê-lo algemado e “hóspede do Estado”.
Muita gente achou cruel, um exagero, algemar o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, depois de perder as mordomias do presídio no Rio e ser transferido para o Paraná, fazendo política da boa vizinhança com Eduardo Cunha. Muita gente que não horroriza ao ver bandidos “comuns” algemados, que está nem aí pelas mil mortes diárias no Brasil pela violência, nem aí pra quem morre ou é preso até mesmo sem cometer crime, por engano, por azar.
É o “estupra, mas não mata” do Maluf. O “prende, mas não esculacha”, dos morros cariocas….
Agora, tem também o “prendo e arrebento” do saudoso presidente, general João Baptista Figueiredo. O inesquecível que pediu para ser esquecido.
O que a maioria das pessoas não suporta é ver que a Justiça não é cega; usa lente de aumento e pinça. É igual cego de pau duro, já viram? Tudo tarado, só vê apalpando e atravessa a rua sem olhar pros lados. Ô raça!
O que Lula tem que Sérgio Cabral não tem? Que Eduardo Cunha, Marcelo Odebrecht, Delcídio do Amaral (que foi preso ainda senador, sem foro privilegiado) etc, inclusive os amigos que Gilmar Mendes conseguiu soltar; não tem?
E neste sempre “bipolar” Facebook, lê-se coisa do tipo: “América Latrina. Só país de desocupados põe telão na avenida para exibir julgamento de condenado”. Na esteira, mui pertinentes comentários: “As grandes execuções sempre foram públicas: machado e rainhas no cadafalso, forca para Tiradentes e orquestra, fogueira nas vaidades, Joana D’Arc e Santa Inquisição.
Até mesmo os fuzilamentos – Goya tem um quadro lindo sobre o tema – que normalmente eram confinados aos quartéis e pátios de prisão são, às vezes, públicos.
É pra dar o exemplo…
Na Índia, estupradores (só de crianças?), são empalados em praça pública pra júbilo da galera. O cara fica de quatro, enfiam uma lança no cu do Canalha, levantam o Vagabundo e, do chão, com a lei da gravidade, a lança lancinante vai entrando até sair pelo pescoço.
Depois, tá lá o corpo estendido no chão… Aí vem o camelô vender
anel de couro, rodoviário; cordão, corte de cetim, sonho de valsa, perfume barato.
Vem baiana do Piauí pra fazer pastel de cabelo e um bom churrasco de gato e sola de sapato.
O julgamento de Nuremberg virou filme. O do O.J. Simpson, nos EUA, virou série de TV. E pensando bem, no Brasil, provavelmente, muito desocupado que estará em frente ao telão em pé porque não pode se sentar e consumir; está, na verdade, é desempregado”.
PS: Lula, Collor… Marina… Depois reclamam que, esta semana, em BH, bloco de carnaval temporão, na rua Pium-í gritava: “1,2,3… 4,5 mil, queremos Bolsonaro presidente do Brasil!”.

Walter Navarro

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

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