29 de março de 2024
Sergio Vaz

De novo: a economia melhorou. E muito


De novo: é preciso muita ginástica para não admitir a verdade dos números. Por Sérgio Vaz

Míriam Leitão afirma que a inflação baixa de 2017 – 2,95%, o menor índice desde 1998, abaixo do piso da meta, que é de 3% – “foi um momento breve de conforto para o governo na segunda semana do ano”.
“O resto do tempo” – ela escreveu em sua coluna do domingo, 14/1, em O Globo – “ele se debateu em torno de questões como o rombo das contas públicas, o esforço para nomear uma pessoa inadequada para o cargo de ministra do Trabalho, a fogueira das pretensões presidenciais entre aliados e, por fim, o rebaixamento da nota de crédito do Brasil. Foi uma semana ruim, com um breve intervalo de comemoração.”
A verdade dos fatos é que houve muitas boas notícias nas duas primeiras semanas do ano, conforme se demonstra nesta compilação aqui – a 25ª de uma série.
Dois dias antes, na sexta-feira, dia 12/1, em artigo na página 2 do Estadão, Fernando Gabeira havia ido ainda mais longe no pessimismo, na insistência em não ver os fatos positivos. Ele chegou mesmo a questionar – meu Deus do céu e também da terra! – se teria valido a pena o impeachment de Dilma Rousseff! “Em agosto de 2018 o impeachment de Dilma Rousseff completa dois anos, e existe ainda uma discussão aberta sobre se valeu a pena, se foi melhor para o Brasil.”
Mais adiante, Gabeira escreveu o seguinte:
“O único saldo do governo Temer foi ter conseguido deter o processo de degradação da economia, propiciar uma discreta retomada do crescimento.”
Com todo respeito e admiração que o grande Fernando Gabeira – meu ídolo, ídolo de toda uma geração – merece, como é que é mesmo? O único mérito do governo Temer “foi ter conseguido deter o processo de degradação da economia, propiciar uma discreta retomada do crescimento”?
Só isso?  Só esse pouquinho? Apenas e tão somente conseguiu reverter toda a condução da política econômica, dar um cavalo de pau, mudar 180 graus o direcionamento das ações do governo, tirar o país do fundo do fundo do fundo do poço, sair da recessão, voltar a crescer, ainda que bem pouco, parar o aumento dos índices de desemprego, voltar a criar empregos?
Só isso? Só essa coisinha tão pouca?
Ah, pelamordeDeus, façam-me o favor!
Estão exagerando no pessimismo, na má vontade com esse governo.
O governo Temer tem 20 mil graves defeitos. Não para de dar tiros no pé – como esse rocambolesco episódio de indicar a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) para o Ministério do Trabalho.
Mas, diabo, não reconhecer que esse mesmo governo conseguiu em pouco mais de um ano e meio mudar completamente de direção a condução da política econômica, não reconhecer que isso é uma façanha e tanto, uma conquista fantástica, e chegar a duvidar que tenha sido bom para o país a saída de Dilma Rousseff, aquela incompetência soberba… Ah, aí é demais da conta.
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A própria Miriam Leitão – inquestionavelmente uma das melhores jornalistas econômicas do país, e que não poderia jamais, de forma alguma, ser tida como otimista, ou nem de muitíssimo longe defensora do governo Michel Temer – escreveu em seu blog em O Globo nesta segunda-feira, 15/1, sob o título “País saiu da recessão em 2017, deve crescer em 2018, mas 2019 ainda gera incertezas”:
“Os dados da economia mostram, consistentemente, que o país saiu da recessão. Nesta segunda-feira o BC divulgou que a atividade cresceu 0,49% em novembro, com alta de 1% na acumulado do ano. Economistas acreditam que 2018 também será um ano de crescimento. Mas as dúvidas sobre 2019 permanecem. Na comparação com novembro de 2016, o IBC-Br cresceu 2,8%. É um ritmo forte. O indicador do BC, no entanto, não é uma réplica do PIB divulgado pelo IBGE. O índice é um composto de outros dados sobre a atividade. No mês, os serviços avançaram 1%, o comércio cresceu 0,7% e a produção industrial subiu 0,2%. Já a pesquisa do IBGE é mais ampla, revela a cada três meses a soma dos bens e riquezas produzidos no país. O resultado oficial da economia em 2017 será revelado em 1º de março.”
Um pouco mais cedo, na mesma segunda-feira, 15/1, no mesmo blog de Míriam Leitão, o jornalista Marcelo Loureiro escreveu esta nota com o título “Atividade econômica cresceu mais que o esperado em novembro”:
“O índice do BC que mede a atividade econômica cresceu mais que o estimado em novembro. O IBC-Br teve alta de 0,49% na comparação com outubro, acima da mediana das projeções, que estava em 0,44%. No acumulado do ano, a atividade avança 1,06%. O desempenho é muito próximo do que se espera para o PIB de 2017, que tem uma metodologia diferente e é calculado pelo IBGE. O IBC-Br, assim, confirma que novembro foi um mês positivo para a atividade. Pelas contas do IBGE, a produção industrial subiu 0,2% na comparação com outubro; os serviços cresceram 1% e o comércio registrou alta de 0,7%. Chama a atenção no indicador o desempenho na comparação com 2016. O IBC-Br cresceu 2,8% frente a novembro do ano anterior. A atividade se distancia do pior momento da crise, após dois anos de queda aguda na economia.”
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Eis aqui algumas outras notícias destes primeiros dias de 2018:
* “Após 3 anos de queda, indústria deve fechar 2017 com alta de 2%. Depois de encolher por três anos, a produção industrial brasileira voltou a crescer em 2017 e deve encerrar os 12 meses com uma expansão na casa dos 2%, de acordo com a previsão de analistas. Ontem, o IBGE divulgou que, de janeiro a novembro, o crescimento foi de 2.3%.”
Reportagem de Daiane Costa, em O Globo de 6/1.
* “Exportação volta a crescer após 5 anos e saldo comercial atinge US$ 67 bilhões. Depois de cinco anos em queda, as exportações brasileiras voltaram a crescer levando a balança comercial a registrar um saldo positivo de US$ 67 bilhões no ano passado – o melhor resultado da série histórica iniciada em 1989. Já as importações tiveram o primeiro aumento após três anos consecutivos de retração. O resultado contou com a contribuição das vendas recordes de petróleo (em volume) e de automóveis (em valor) para o mercado externo. Historicamente, o País é importador líquido de petróleo, mas nos últimos dois anos vendeu mais ao exterior do que comprou. Em 2017, o total exportado de petróleo bruto pelo Brasil cresceu 66,4%. O aumento da produção brasileira ajuda a explicar esse avanço.”
Reportagem de Anne Warth e Fernando Nakagawa, no Estadão de 3/1.
* “Retomada da economia estimula troca de emprego. Entre janeiro e novembro de 2017, parcela de brasileiros que mudou de emprego espontaneamente voltou a crescer e chegou a 21,3%.”
Reportagem de Luiz Guilherme Gerbelli, no Estadão de 14/1.
* “Setor imobiliário volta a crescer no país este ano. Para o mercado imobiliário brasileiro, de forma geral, 2018 deve marcar a virada de chave. A melhora no cenário macroeconômico e a retomada no crédito para o setor – a Caixa reativou neste início de ano a linha Pró-Cotista, aumentou o limite para o financiamento de imóveis de 50% para 70% e vai receber R$ 15 bilhões em recursos para financiar a compra da casa própria – devem puxar a demanda. No Rio de Janeiro, contudo, o cenário ainda é de preços em baixa, estoques elevados – sobretudo em unidades para média e alta renda – e demanda frágil. Na melhor hipótese, o mercado carioca vai atravessar 2018 andando de lado, perseguindo a meta de chegar à estabilidade em vendas e preço.”
Reportagem de Glauce Cavalcanti e Pollyanna Bretas, em O Globo de 10/1.
* “Petrobrás vai colocar em operação número recorde de plataformas. A Petrobras vai instalar um número recorde de plataformas este ano. Serão oito embarcações, todas destinadas ao pré-sal, que, no prazo de um a dois anos, vão ampliar a produção da empresa em mais de 1 milhão de barris por dia, quase a metade do volume total extraído em todo País, atualmente de 2,6 milhões de barris.  Nunca a Petrobras instalou tantas plataformas em um mesmo ano. O marco, até então, era 2014, quando quatro unidades iniciaram operação. Na prática, será um salto de produção no pré-sal, que vai ganhar ainda mais importância nos negócios da empresa e no abastecimento interno.”
Reportagem de Fernanda Nunes, no Estadão de 2/1/2018.
* “Cofre menos vazio. No fechamento de 2017, uma boa surpresa: as contas públicas terão um déficit menor do que a meta em R$ 30 bilhões ou mais. Isso, por ironia, dá em torno de R$ 129 bilhões, igual à meta inicial que acabou alterada para R$ 159 bilhões. A boa execução do Tesouro e o aumento da arrecadação de dezembro tiveram esse efeito de melhorar o resultado final do ano. Isso só será divulgado no fim do mês.”
Coluna de Míriam Leitão, em O Globo de 3/1.
* “Sob o comando da chinesa State Grid, CPFL prepara investimento bilionário. Prestes a completar um ano sob o controle chinês, a CPFL Energia está pronta para dar novos passos. A partir de agora, a companhia vai focar seus esforços no desenvolvimento de novos negócios e na compra de ativos no setor elétrico. A previsão é desembolsar – além dos valores envolvidos nas possíveis aquisições – R$ 10 bilhões em investimentos nos próximos cinco anos. Esse montante inclui a expansão nos setores tradicionais do grupo, como distribuição, geração e transmissão, além de projetos de tecnologia para ganhar mais eficiência na operação. O anúncio da compra da CPFL Energia pela chinesa State Grid foi feito em julho de 2016, mas o negócio – da ordem de R$ 40 bilhões – só foi concluído em janeiro de 2017. Desde então, a sede da empresa em Campinas experimenta uma mistura entre o estilo mais despojado do brasileiro e o formalismo do chinês. Eles são poucos na companhia, mas têm um papel fundamental na integração com o comando na China. No total, cerca de 20 chineses acompanham a rotina diária dos executivos brasileiros.”
Reportagem de Renée Pereira, no Estadão de 1º/1.
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E no entanto Fernando Gabeira diz que “existe ainda uma discussão aberta sobre se valeu a pena, se foi melhor para o Brasil” o impeachment de Dilma Rousseff.
Meu Deus do céu e também da terra: o que é isso, companheiro?
O Boletim

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