18 de abril de 2024
Ligia Cruz

Papel higiênico preto


Pensei que era piada. Mas não é.
Quem tem mais de 50 anos conheceu a versão cor de rosa, uma verdadeira lixa para o uso lapidar da preciosa retaguarda, literalmente.
Pobre que era pobre tinha que ralar o fiofó dado o preço caríssimo das folhas mais finas branquinhas.
Havia, de certo modo, classificação social para quem podia pagar mais.
E quem não se lembra do mordomo Afredo, que socorria a patroa em seu momento de reflexão?
Logo surgiram as denúncias de que o produto para clareamento do papel era nocivo à pele, causando alergia.
A indústria de papel teve que se enquadrar. E aquele maciozinho com folhas duplas deixou de ser o único no mercado. Hoje, os preços estão muito próximos e a qualidade também, para alegria geral.
Agora vem essa opção de papel preto com uma mensagem nada sutil. Quem é chique vai se render ao pretinho básico.
O uso decorativo deste me parece uma apelação. Uma modinha bem besta para algo que em questão de minutos acaba no lixo. Mas é o que penso. E depois, quem vai levar um pedaço no bolso para limpar o nariz?
O fato é que parece papel reciclado, com acabamento fashion, para vender mais em um mercado que sobra pouco para competir.
Nada contra a cor. Cor é cor, mas tem tintura. Será que quem usar o tal black passará a fazer parte do elenco de traseiras vanguardistas?
Pensando aqui, porque quem faz aniversário tem medo. Quem estuda sabe e todo mundo preserva o próprio rabo. Não é mesmo?
Deu até nostalgia do primavera.

Ligia Maria Cruz

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

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