25 de abril de 2024
Editorial

O país de cabo a rabo II

Foto: Arquivo Google

Ministro Gilmar Mendes aos jornalistas: “Acham que ser padrinho de casamento impede alguém de julgar um caso?” Impede sim, ministro. Ainda mais quando as famílias se conhecem bem e o seu sobrinho era o noivo. E temos notado, por sua arrogância diante de câmeras e microfones, que seu lema, ultimamente, tem sido: mexeu com amigo meu, mexeu comigo. Menos ministro, menos.
O “Supremo juiz” não vê problema em beneficiar o pai de sua afilhada de casamento com um sobrinho da sua esposa. Eu pergunto: com que isenção um juiz julga um processo onde não existe animosidade, e sim uma predisposição a beneficiar alguém com quem tem ou teve relação próxima? Este senhor extrapola suas funções, achando-se intocável. Será que é mesmo?
Dando uma pesquisada na internet sobre quanto tempo um ministro leva, em média, para conceder habeas corpus e/ou liminares, descobri que algo como 20/25 dias é “aceitável” pelo STF. No caso de Jacob Barata e Lélis Teixeira, o tempo foi de dois a três dias. Os envolvidos foram presos por pagamentos de propinas de mais de R$ 500 milhões. E deveriam continuar presos, para não destruírem documentos e serem forçados a explicar a história desse caso. Qual o interesse do ministro em agilizar a soltura dos dois bandidos? A necessidade de Gilmar dar explicações à presidente Cármen Lúcia, aos demais ministros e, principalmente à sociedade torna-se muito importante.
Que providências serão adotadas pela ministra Cármen Lúcia, presidente do STF, que alegou há tempos querer acabar com a corrupção no Brasil, para conter as barbaridades que vêm sendo perpetradas pelo ministro Gilmar Mendes, contumaz em tomar decisões contrárias à vontade do povo, sempre determinando a soltura de vários bandidos?
A presidente do STF está em uma posição de extrema fragilidade, para se dizer o mínimo, com relação aos pedidos de suspeição do comprometido Gilmar Mendes. Será que a valente ministra vai jogar tudo para debaixo do tapete, e, assim, se deixar levar pela enxurrada?
E para concluir… enquanto cidadãos comuns e personalidades consideram um despropósito os parlamentares quererem R$3,6 bilhões para as campanhas eleitorais, eis que ele, de novo ele, o Ministro Gilmar Mendes entende que este montante ainda é pouco, e que seriam necessários mais recursos.
Sem dúvida, ele pensa sempre diferente da maioria, ou vice-versa! Senhor sabe-tudo, dono da verdade! Cabe não esquecer que já existe o Fundo Partidário, de elevadíssimo valor, e mais as Emendas Parlamentares, ano após ano, e que nada mais são que recursos para campanhas eleitorais individuais dos parlamentares. Ainda querem mais dinheiro para suas campanhas?

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

Advogado, analista de TI e editor do site.

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