20 de abril de 2024
Walter Navarro

Esses Romanos são loucos?


Os romanos não sei, já os brasileiros…
Promessa é dúvida! Como combinado, hoje continuo contando meu imperial périplo por “Oropa, França e Bahia”. Depois de Londres e Paris, Roma; depois, próxima parada, Lisboa que continua Lisótima.
Juro que não fiz esta viagem,, constrangedoramente deliciosa e cara, para ficar em frente à televisão. Mas, entre um vinho e outro, antes de dormir, nas horas vagabundas, eu ligava uns botões. Muita política, eleição e crise; violência na Ucrânia, Síria, Afeganistão, etc. Aí, chego aqui e, no primeiro Bom Dia Brasil, greves, escândalos petistas, Copa do Mundo e a extrema violência cada vez mais horrorosa. Virou moda matar os próprios filhos; esquartejar, queimar, colocar corpos em malas e desovar em córregos, caçambas e matagais? Durante muito tempo, meu imaginário só chegava ao famoso Crime da Mala. Fala São Google: “O Crime da Mala, como foi chamado pela imprensa, ocorreu em 1928, no Brasil.. Um imigrante italiano, Giuseppe Pistone, assassinou sua esposa, Maria Fea, e ocultou seu corpo em uma mala. O episódio ganhou ampla cobertura na época, gerando comoção popular”.
De repente, parece que o espírito de Pistone, “Encaixotando Helena”, baixou no Brasil. E só recentemente, teve a mulher que esquartejou o marido japonês, aquele outro que saiu abandonando sacos pretos de lixo, com cabeça, tronco e membros de algum infeliz, pela zona sul de São Paulo e agora este publicitário matando e fazendo picadinho de um zelador de prédio por causa de correspondência. É de fazer Deus perder a fé! O brasileiro está parecendo aquele menino que mata pai e mãe, para ir a baile de órfão!
Por isso, paro por aqui e volto à Roma, infelizmente, só em ótimas lembranças, na fase semifinal do Tour 2014.
Se o perfume da crise inebria Paris, em Roma, ele já passou da medida e está até enjoativo. A “bella” continua eterna, mas precisa de umas plásticas urgentes, dos pés à cabeça. Seria covardia comparar a Roma do filme vencedor do Oscar, “A Grande Beleza”, com a Roma mundana que revi 32 anos depois.
De Cuba à Itália, ninguém precisa de grandes estudos para perceber que o que salva, ou pelo menos ajuda (e muito), qualquer economia é o turismo. Parece que em Roma há mais turistas que romanos.
Muitos imigrantes – não os 20 mil escravos haitianos que o PT do Acre mandou para o PSDB de São Paulo – mendigos e vendedores ambulantes. A cidade está imunda. Tinha até mato nas calçadas, principalmente nas ruas distantes dos pontos turísticos. Nestas ruas, também dava pra ver restaurantes vazios, nas mais chiques, restaurantes cheios… De turistas…
O Papa Francisco é a estrela de todas as lembrancinhas, de postais a chaveiros etc. E os turistas (brasileiros) compram, inclusive, grandes marcas. Nos pontos principais, como Fontana di Trevi, Piazza Navona e Trastevere (lindo bairro), o turismo é mais popular, logo, nem tão lucrativo.
Nas chiques Via del Corso e Veneto é outra coisa. Lá está a grande beleza da Roma de Marcello Mastroianni e sua “Dolce Vita”. Mas de onde vem a mesma eterna beleza? Um arquiteto ou historiador saberia responder com precisão, mas aos olhos ateus é fácil reconhecer que o charme de Roma vem do caos, da bagunça, do improviso nada simétrico. As praças não tem formato exato, os prédios tampouco, as cores desbotadas ou descascadas relembram Havana e Veneza. E aí sim, assim renasce a Grande Beleza.
PS: Paro aqui, porque hoje, 6 de junho, tem o último jogo do Brasil antes da Copa. Vamos ver o que a Sérvia tem como tira gosto da Croácia. Pra frente Brasil, o que só será possível, eliminando o PT logo no início da Copa das eleições.
Coluna publicada em 11/07/2014

Walter Navarro

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

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