Que “marravilha”! Há duas semanas não escuto ou leio o palavrão Dilma e tudo o que vem atrás, à frente e ao lado deste nome feio. Graças a Deus ainda estou viajando. O Brasil é apenas um polaroide na parede, mas como sói ser! Tem, mas acabou não, está acabando, mas ainda estou viajando. Tudo que é bom dura porco. No último capítulo desta prosopopeia, deixei meus comentários na primeira gaveta à esquerda, fundos, horário comercial, em Paris. Agora já estou em Lisboa, tendo passado quatro dias em Roma. Voltemos pois à Paris, cada dia mais linda, cheirosa e gostosa; cada vez mais velha, palatável e comestível. Mesmo com estranha primavera: chuva, sol, frio, calor; de um dia para o outro, não há do que reclamar. O charme de Paris é Inês Gotável e o horário de verão completa o pacotão . O verdadeiro horário de verão, que o Brasil deveria adotar, vai de fim de março a outubro.
Repito porque o que não é repetido resta inédito. O Brasil deveria ter horário de verão o ano inteiro ou quase. Porque o Brasil é quase verão (estate) o ano inteiro. Muita gente reclama porque está mal acostumada. Acordar uma hora mais cedo não dói, é questão de hábito e ajuda economizar energia, absurdo que infelizmente grassa nosso país tropical, abençoado por Deus e desgraçado pelo PT. O horário de verão é como o Pão de Açúcar do Abílio Diniz: lugar de gente feliz. É uma delícia sair do escritório ainda à luz do dia, pena que não seja pecado. Fica todo mundo mais animado. Mesma coisa na Europa. Franceses e turistas esbaldam-se em animação. Nos arrabaldes do Palais Royal, no centro, onde aluguei charmoso apartamento, os bares e restaurantes ficam lotados no happy hour, aproveitando os infinitos inquilinos dos escritórios vizinhos. Quando o PT morrer e o Brasil nascer, “todos os brasileiros vão morar em Ipanema” e com horário de verão.
A festiva Paris de Hemingway, Fitzgerald & Cia, nos anos 1920, como diz Sérgio Augusto, em seu livro, “E foram todos para Paris”, atraiu muitos artistas, principalmente dos EUA – que sofriam a draconiana Lei Seca – com bebidas gerais, liberadas e o dólar valendo 25 francos. A Paris de hoje, sempre artística, continua pulsante e etílica, mas o dólar e o real valem menos que o euro. Sentar-se às concorridas e minúsculas mesas de Paris, é como o amor sincero, custa caro. Um chope de 500 ml sai a R$ 36 e uma honesta garrafa de vinho, não por menos de R$ 120. Imaginem na copa. Na copa da cozinha. Os pratos variam, mas a variedade de preços e opções são enormes.
Londres, por onde comecei meu idílio amoroso, está mais festa que Paris. Há um perfume de crise no ar de Paris. Mas é perfume francês. Crise mesmo vi em Roma e vejo em Lisboa, mas isso é assunto para outro capítulo deste diário de bordo.
Paris! Paris! O que mais posso falar de lá? Um show de civilização para as grandes cidades do Brasil. Andei de metrô, ônibus e trem. Andei a pé e até meus passos obedeciam a horários impecáveis. Fui ao quase novo e monumental museu do Quai Branly, rever a amiga Tieta e fazer umas “comprinhas”. Saí de lá carregado de sacolas pesadas. A cultura pesa, mas não engorda! Flanei a pé pelas arborizadas ruas primaveris. Resolvi voltar de ônibus. No ponto vazio li, nos letreiros eletrônicos, que faltavam dois minutos para o próximo comboio. Quando faltava um minuto, olhei para o final da rua e lá estava ele, o ônibus da linha 69 (adoro este número) que já usei muito e vai até um de meus passeios favoritos, o cemitério do Père Lachaise. Pontualidade britânica na França. A isso chamo respeito com o cidadão.
Claro que, nos horários de pico, a cidade é uma confusão, com trânsito “pénible”; franceses apressados, correndo, loucos para chegar em casa e acender a televisão. Mas tudo funciona. Ninguém fica mofando numa estação de ônibus ou de metrô, neste, por exemplo, quando há um pequeno e raro atraso, um microfone explica e pede desculpas, garantindo o serviço o quanto antes.
Nossos governantes deveriam esquecer seus umbigos sujos e viajar mais para países sérios, para aprender que o básico é simples quando se sabe.
E o lixo reciclado em cada prédio da cidade?
E as obras que mudam a paisagem e respeitam os prazos prometidos?
E a população que vota consciente nas eleições, puxando a orelha dos políticos que não dançam conforme a música prometida? Não é Monsieur François Hollande?
E o visível retorno social dos altos impostos cobrados na França?
PS: bom, de novo, já escrevi demais. Depois volto com Roma e um pouco de Lisboa. Bisous a tous.
Usamos cookies em nosso site para oferecer a você a experiência mais relevante, lembrando suas preferências e visitas repetidas. Ao clicar em “Aceitar tudo”, você concorda com o uso de TODOS os cookies. No entanto, você pode visitar "Configurações de cookies" para fornecer um consentimento controlado.
This website uses cookies to improve your experience while you navigate through the website. Out of these, the cookies that are categorized as necessary are stored on your browser as they are essential for the working of basic functionalities of the website. We also use third-party cookies that help us analyze and understand how you use this website. These cookies will be stored in your browser only with your consent. You also have the option to opt-out of these cookies. But opting out of some of these cookies may affect your browsing experience.
Necessary cookies are absolutely essential for the website to function properly. These cookies ensure basic functionalities and security features of the website, anonymously.
Cookie
Duração
Descrição
cookielawinfo-checkbox-analytics
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics".
cookielawinfo-checkbox-functional
11 months
The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional".
cookielawinfo-checkbox-necessary
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary".
cookielawinfo-checkbox-others
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other.
cookielawinfo-checkbox-performance
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance".
viewed_cookie_policy
11 months
The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data.
Functional cookies help to perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collect feedbacks, and other third-party features.
Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better user experience for the visitors.
Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.
Advertisement cookies are used to provide visitors with relevant ads and marketing campaigns. These cookies track visitors across websites and collect information to provide customized ads.