25 de abril de 2024
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Revolta

Estou na paz, em Portugal, tranquila.
Mas não vou me omitir diante do genocídio que está sendo praticado no Rio de Janeiro. Diariamente, um policial militar é assassinado pelas vítimas-da-sociedade. E ninguém diz nada, ninguém protesta, não aparece ninguém para defender os direitos humanos do morto. Parece que é natural, simples, aceitável, ver um PM com a cabeça estourada, sangrando na calçada.

Estou revoltada, muito revoltada. Igual aos coitadinhos-dos-bandidos, os policiais são jovens, têm mães, mulheres, filhos, uma vida pela frente. Tal e qual os marginais, os PMs são seres humanos. Não as bestas-fera que o noticiário faz questão de alardear e muita gente boa acredita.
Concordo que a Polícia Militar tem os seus erros e comete excessos. Mas por quais motivos os policiais morrem como se fossem baratas, sem provocar indignação ou protestos? Por que policiais podem e (na cabeça dos brutos e dos ignorantes) devem ser mortos e os facínoras não merecem levar um beliscão? Por que – por favor, expliquem-me – a vida de um rapaz fardado vale infinitamente menos do que a de um rapaz estuprador, assassino, ladrão ou traficante de drogas?
O que está acontecendo à nossa sociedade para que convivamos com tanto despudor, tanta covardia, diante de dois pesos e duas medidas?
Não sou a favor da pena de morte oficiosa, não concordo que bandidos sejam mortos sem mais delongas. Mas também não concordo com esta caçada impune que está acontecendo aos policiais militares do Rio de Janeiro. Morrem e fica tudo por isso mesmo. Morrem sem a compaixão da cidade que protegem. Morrem anônimos, desrespeitados, humilhados. Morrem e pronto, acabou a história.
O país – nosso Estado incluido – está entregue nas mãos de gangues, de máfias. Talvez eu devesse ser prudente e apenas olhar silenciosamente. Como faz todo mundo, o rebanho manso e amedrontado.
Mas eu me recuso a ser cordeirinho. Não posso, não quero e não vou me calar.
Devolvam-me o meu país honrado, onde o crime não é a normalidade, onde ladrões – todos eles – apodrecem nas cadeias e onde os mocinhos, orgulhosamente, vencem os bandidos.
O Brasil mordeu os freios. Pelo amor de Deus, alguém segure as rédeas desta nação enlouquecida.

O Boletim

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