24 de abril de 2024
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Morte prematura

A influência do plissé soleil na vida social subsaariana. Estava eu às voltas com este intricado tema em meus estudos de Corte&Costura, quando, exausta, decidi zapear no Facebook para distrair as ideias.
Abobrinha daqui, abobrinha de lá, dei de cara com uma postagem instigante: “A sua bunda morreu?”. Como andava desconfiada que a minha falecera há alguns bons tempos, resolvi fazer o teste. E, em lágrimas, descobri que, sim, meus glúteos já passaram desta para uma melhor. Ando, literalmente, carregando um peso morto.

Portanto, participo aos amigos e parentes, que meu derrière desencarnou. Bem, isto não chega a ser grande novidade. Na minha idade, os gluteos vão mesmo desencarnando, desencarnado, até virarem… Melhor deixar para lá, não vale a pena entrar em detalhes. O fato é que esta parte de meu corpo – sou antiguinha, escrever ”minha bunda” me constrange – está devidamente falecida.
O teste está disponível na Internet. Mas, basicamente, destina-se àqueles que, igual a mim, passam a maior parte do dia sentados e sofrem de intensa dor nas costas. Diz o texto/teste que os músculos bundais, por falta de exercícios, vão perdendo as funções até se desconectarem de outros que garantem a nossa boa postura. Confesso: desde os quarenta anos tenho problema de postura. É rara a semana em que consigo botar três ovos. Ao mesmo tempo, ando meio curvada, o que a arrasa com a minha elegância, que já não é muita. Com a bunda morta, então…
É triste, gente, muito triste descobrir de sopetão que comecei a largar pedaços pelo caminho. Vou tentar conservar a falecida no seu devido lugar porque facilita a minha vida social: posso sentar, usar calças compridas e até uma saia plissé soleil, apesar de não conseguir descobrir quais as suas influências nos povos que vivem ao sul do deserto do Saara.
Agora tenho certeza de que não sou uma bundona. Conheço muita gente boa, cheia de poses e estilos, que não pode afirmar isto.
Um luxo, vamos combinar. Bunda morta é bunda discreta.
Em tempo: avisarei o dia das exéquias. Por enquanto, vou deixar rolar.

O Boletim

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