23 de abril de 2024
Editorial

Afinal, quem é o chefe?

Foto: Uol

Nota do Palácio do Planalto diz que Joesley Batista “é o bandido notório de maior sucesso na história brasileira”. Esse senhor tinha livre acesso a Temer. Ele entrou no Palácio do Jaburu altas horas da noite, com o nome falso de “Rodrigo”, e, no subterrâneo do palácio, bateu papo com o presidente da República. Será que o empresário passou à condição de bandido só depois de contar as canalhices de nossos políticos? Estarrece o que está sendo contado à população. E as ruas estão desertas.
O presidente quer constranger Joesley pelas verdades que vieram à tona, processando o delator por calúnia, injúria e difamação, em presunção de que assim estará livre das graves acusações, reverberando, acuado, que Joesley é um bandido notório, falastrão etc. Explicação alguma, porém, para que tenha recebido em sua residência oficial um bandido notório, cujo acesso foi disfarçado, como se fora amigo de Temer, com acesso livre, e ter mantido conversa íntima com esse “bandido”, devidamente gravada. Até o mentor Geppetto, indignado, não acreditaria em um Pinóquio desses.
Temer chamou Joesley de “bandido notório de maior sucesso na história brasileira”. Joesley chamou o PMDB de “quadrilha mais perigosa deste país”. Quem somos nós para discordar? Confiamos no justo discernimento e conhecimento dos dois, mas o presidente deveria esclarecer à população como é que um “bandido notório”, a quem vai processar, tem liberdade para entrar no Palácio onde vive o presidente, para realizar visitas na calada da noite, fora da agenda. Estertores de um governo moribundo.
Independentemente da culpabilidade do presidente Temer, que, se provada, seja enquadrado na forma da lei, estarrece o cidadão honesto é ver Joesley Batista, que enriqueceu às custas do erário, em liberdade, para usufruir o que tungou do país nos EUA e sob o beneplácito da Justiça. Tudo que os delinquentes dos três poderes querem é o que se viu domingo: mais de 2 milhões de pessoas na Parada LGBTS, sem juízo de valor, quando não se consegue cinco mil para exigir uma faxina geral (Executivo, Legislativo e Judiciário). Ou seja, moralização, talvez daqui a uns 200 anos, se houver!
Seria conveniente uma acareação entre Deltan Dallagnol e Joesley Batista para sabermos quem é, realmente, o “chefe da maior e mais perigosa organização criminosa” do país. O promotor acusa Lula; já o “Friboi”, Temer. Assim não dá.

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

Advogado, analista de TI e editor do site.

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