29 de março de 2024
Tecnologia

Na batalha dos padrões de carregamento rápido você ainda está perdendo

Escrito por: Eric Herrmann
O carregamento rápido é um ponto de divergência entre os proprietários de smartphones. O novo USB Type-C vem para criar um novo padrão de Power Delivery. Desta forma, o carregamento rápido da Qualcomm, ou soluções proprietárias como o Adaptive Fast Charge, da Samsung, o Supercharge, da Huawei, e o Dash, da OnePlus, ficariam obsoletas. Por quê?
O carregamento rápido funciona por si só
Os carregadores tornaram-se inteligentes. Ao longo dos últimos anos, os microcontroladores e carregadores de bateria melhoraram significativamente. Os componentes se comunicam entre si e constantemente equilibram a tensão e a corrente ideais para que a bateria não fique muito quente ou venha a parar de funcionar cedo. Ao mesmo tempo, a taxa de carregamento pode ser aumentada, permitindo várias horas de autonomia da bateria após o carregamento por alguns minutos.
O USB Implementers Forum, órgão que unifica as especificações USB, adotou o padrão Power Delivery de fornecimento de energia através da porta USB Type-C especificamente por esse motivo. É uma alternativa sem custo, livre de royalties e universalmente compatível com os padrões dos fabricantes de smartphones e da Qualcomm, uma das maiores fabricantes de processadores do mundo. Isso significa que bastaria apenas um carregador com Power Delivery para todos os smartphones com porta USB Type-C.
Liz Nardozza, porta-voz da USB-IF explica:
“No USB Power Delivery (USB-PD), as portas conectadas negociam a tensão, corrente e direção do fluxo de corrente através do pino CC (canal de comunicação) no cabo USB. O mecanismo funciona independentemente de outros métodos USB com os quais a energia está sendo negociada. Você pode encontrar mais detalhes sobre isso nas especificações do USB-PD 3.0”.
O USB Power Delivery é um padrão aberto da indústria que pode ser usado sem royalties. No entanto, a licença está sujeita a alguns padrões para as empresas que desejam adotar o modelo USB 3.0.
Na sua definição de compatibilidade do Android 7.1, a Google indica o Power Delivery como “fortemente recomendado”. O próximo passo de ser obrigar tal padrão para o Android O. Assim, se as fabricantes não conseguirem cumprir tal protocolo, não serão capazes de atualizar seus dispositivos para Android O. E o que viria a seguir? Nardozza explica:
“Cabe à Fabricante Original do Equipamento (OEMs) implementar o USB-PD e eliminar os padrões proprietários. O PD da USB-IF é uma solução com muitos benefícios e vemos inúmeras vantagens em um padrão aberto da indústria para o carregamento rápido, entre eles:
– Sem taxa de licenciamento;
– Menos resíduos eletrônicos em todo o mundo, uma vez que os consumidores não teriam que comprar tantos acessórios para carregamento;
– Facilidade de uso: os carregadores funcionariam em dispositivos de todos os fabricantes, para que os consumidores possam substituí-los por alternativas sempre que desejarem;
– As OEMs economizam dinheiro em desenvolvimento, fabricação e armazenamento, uma vez que o padrão aberto reduz a quantidade de diferentes carregadores;
– Suporte global: IEC para a Europa, CCSA para a China (negociações em curso)…”
Você já de ter percebido ao carregar seu smartphone com o carregador de um amigo que, às vezes, pode ser mais lento do que carregar com o seu próprio. Contudo, os padrões uniformes poderiam consertar isso, basta que as fabricantes entrem em um acordo.

A mesa Anker PowerPort+ 5 possui Power Delivery / © AndroidPIT

Mas o que a Qualcomm faz de melhor com o carregamento rápido?
Aqui, devemos dar crédito à Qualcomm por criar uma base tecnológica importante. A fabricantes de chips resolveu alguns problemas graves de energia e muitas fraquezas no atual padrão USB.
O Quick Charge 2.0 foi o primeiro a superar o limite anterior de cinco volts. Agora, tensões mais elevadas são possíveis sem danificar a bateria. Graças ao aumento para nove volts, a impedância entre cabos, conectores, PMICs, PCB e vários componentes adicionais pode ser reduzida, me informou um porta-voz Qualcomm.

O Quick Charge é caro para muitas fabricantes / © AndroidPIT

O Quick Charge 3.0 introduziu a tecnologia INOV, que obtém a tensão de carregamento ideal entre o carregador e a bateria. Além disso, Quick Charge usa AICL para descobrir a corrente ideal. A Detecção Automática de Fonte de Energia (sigla APSD, em inglês) ajuda a bateria a identificar o carregador e ajustar o fluxo de corrente de entrada de acordo. Isso é muito útil neste mundo com uma centena de carregadores diferentes.

O número de carregadores diferentes é enorme / © AndroidPIT

Não sei se você sabe, mas algumas dessas tecnologias está incorporada ao Power Delivery. Então, qual seria o objetivo de comprar um padrão licenciado baseado em taxas adicionais quando a porta Type-C incluída no aparelho já oferece carregamento rápido?
Como o PD e o Quick Charge 4 trabalham juntos?
O Quick Charge 4 é compatível com o Power Delivery, o que levanta a questão sobre o que essa tecnologia da Qualcomm tem a oferecer. O PD já é muito eficiente quando o assunto é gerenciar corrente e tensão. O Quick Charge 4, da Qualcomm, pode intervir para assumir o controle em relação ao chamado fornecimento térmico do dispositivo. Ou seja, garante que o smartphone não fique muito quente ao carregar.
O QC4 é, portanto, exclusivo para Type-C
O fato de Quick Charge e do PD co-existirem se deve ao fato de que o Power Delivery é apenas um protocolo para gerenciar tensão e corrente. O Quick Charge 4 simplesmente aprendeu a falar esse idioma, mas faz o mesmo que Quick Charge 3 com algumas atualizações. Assim, o QC4 é, portanto, exclusivo para Type-C.

A Huawei permite que duas tecnologias de carregamento rápido sejam executadas em paralelo / © AndroidPIT

O que a Samsung tem a oferecer com o Adaptive Fast Charge, ou a Huawei com o SuperCharge?
Ainda vemos o lançamento de dispositivos com carregamento rápido dedicado, mesmo em smartphones com porta Type-C: como o Samsung Galaxy S8 e o Huawei Mate 9 ou P10/ P10 Plus.
No entanto, o Adaptive Fast Charge ou o Supercharge não possuem o Power Delivery. Quando conectamos o dispositivo a um carregador de mesa com cinco entradas compatível com o PD, como o Anker PowerPort+ 5, por exemplo, ambos os dispositivos serão carregados com praticamente o mesmo volume de carga.
USB Type-C ou Lightning, eis a questão

O Adaptive Fast Charge soe legal, mas é incompatível com o PD presente em outros aparelhos / © AndroidPIT
Por que Samsung, Huawei e OnePlus, com o Dash, ainda se incomodam é um mistério com o advento do Power Delivery. Já não existe quaisquer argumento financeiro aparente em favor do desenvolvimento de soluções proprietárias.
Além disso, o dono do Galaxy S8 nem vai poder usufruir do carregador do Huawei Mate 9, e vice-versa. A OnePlus poderia até ter economizado neste vídeo promocional:

O Power Delivery já está dando os primeiros frutos, e espero que muitos smartphones de gama média passem a contar com tal protocolo ainda este ano. Desta forma, poderíamos deixar no passado questões como o superaquecimento da bateria, e poderíamos usar qualquer carregador para alimentação do aparelho.
Assim, uma vez que as fabricantes possam renunciar a taxas de royalty e desenvolvimento de tecnologias proprietárias, poderiam investir o orçamento em outros componentes ou apenas proteger a natureza.
Você prefere usar carregadores rápidos específicos por fabricante ou acha que ter normas comuns é o melhor?
Fonte: Androidpit 

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