28 de março de 2024
Sylvia Belinky

Grupos na internet


À exceção de grupos de trabalho onde o ponto em comum é o próprio, eu nunca tinha participado de um até fevereiro deste ano, quando o nome de um deles exerceu certo fascínio sobre mim: Lembranças de uma Rua chamada Augusta! Ora, eu morei nas imediações dela desde bem pequena, estudei ali do lado, minha mãe, e mais tarde eu, fazíamos compras nessa rua, éramos sócias de um clube por ali, íamos a um empório que hoje é famoso e era ao lado de casa…
Então, munida de muita coragem – a internet me causa arrepios quando invade meu e-mail, minhas pesquisas, minhas amizades, minhas leituras –  entrei como quem não quer nada. Vai que é chato, que só tem gente metida, ou gente que põe religião no bom dia que concede, como uma bênção não solicitada… Vai que tem quem não gosta da origem de meus ancestrais ou do meu gosto musical, ou que vai querer discutir política ou tentar me converter ao que quer que seja…
Mas, eis que, lá dentro, descubro posts da época, de como era a rua e suas metamorfoses nas três décadas que abarca: os cabelos, a moda, os costumes, as músicas, os filmes, personagens e… Taí! É aqui mesmo que eu entro, tem tudo a ver comigo, quero compartilhar de tudo isso! Decidida, entrei…
Primeiro timidamente, depois com mais confiança; passei a postar as coisas, momentos, músicas e fatos que me tocaram à época.
Deliciosa surpresa: muita gente curtindo. Como sou do time “bons sentimentos devem ser evidenciados”, passo a agradecer, a comentar, tanto nas minhas postagens como nas de outrem! Imagino estar tratando com uma nova “sociedade” – que foi escolhida por seus membros e da qual, vale dizer, se pode entrar e sair a qualquer momento! Ali encontramos pessoas que parecem nossas “irmãs de alma”: mesmos gostos, mesmas lembranças, mesma importância para um detalhe ou outro… E, claro, tipos “nada a ver com nada”, que nos parecem fora de sintonia, de escolhas, como aconteceria na “sociedade obrigatória” que nos abriga, mas gentis ainda assim…
Depois de dois meses de “pertencimento”, me deparo com solicitações de amizade. Algumas, mais ou menos explicáveis: as prováveis almas gêmeas e que parecem legais e outras, de estranhos mais… estranhos! Descubro que esses últimos são os “contidos”, que clicam sempre no curtir, dedinho prá cima e fim. É a comunidade dos “só curtir” que estou subvertendo com meus comentários exagerados, dedicatórias, menções… Essa fica fácil: amigos e pronto!
E, para minha incredulidade, surge um tipo raro, destratando uma pessoa porque o post dela, de uma figura política de priscas eras, o desagradou…
Guardiã do oásis que encontrei, dei um “chega prá lá” na criatura: não gostou? Passa por cima, ignora, segue adiante, bola prá frente; sua única obrigação aqui é ser civilizado. O sujeito não gostou da minha defesa e sobrou agressão para o meu lado também. Imediatamente, algumas almas gêmeas e outras tantas desconhecidas, passaram a defender “nosso pedaço” de forma delicada, mas assertiva.
Que sensação familiar: tanto quanto na nossa “sociedade obrigatória” – da qual não dá prá desistir – tipos que subvertem a ordem estabelecida da boa convivência estarão sempre à espreita para um bote…

Sylvia Marcia Belinky

Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a "falarem a mesma língua", traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma... Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar... De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena - só não tenho a menor contemplação com a burrice!

Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a "falarem a mesma língua", traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma... Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar... De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena - só não tenho a menor contemplação com a burrice!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *