20 de abril de 2024
Veículos

Um carro americano chamado Santos Dumont


Pai da aviação, inspirador de automóveis. Pouca gente sabe, mas o brasileiro Alberto Santos Dumont inspirou uma linha de automóveis americanos lançados em 1902 – antes, portanto, de seu voo no 14 Bis e, também, dos Irmão Wright ganharem os ares. Isso porque, já naquela época, Dumont era uma celebridade por seus dirigíveis. Ele se tornara popularíssimo em Paris por usar seu Modelo 6, um pequeno balão motorizado, como meio de transporte diário – o invento às vezes ficava amarrado em um poste na porta de sua casa e era usado para ir à sua oficina de manhã, para visitar os amigos e ir aos restaurantes à noite. E, mais ou menos naquela época, o brasileiro visitara os EUA com grande repercussão. Daí um fabricante de automóveis de Columbus, Ohio resolveu associar seus veículos (nas fotos) ao genial brasileiro. A linha Santos Dumont durou até 1904.

Velha disputa
No comecinho do século XX, com o avião, nasceu junto uma polêmica: quem teria sido o verdadeiro criador da primeira máquina voadora mais pesada do que o ar, controlável e que realmente funcionou? Norte-americanos, convictos, apontam para os irmãos Wright, que em dezembro de 1903 voaram em sua geringonça quase secretamente e sob os olhares de mais dois ou três pessoas. Em 1906, Alberto Santos Dumont fez o mesmo em um parque no centro de Paris, diante de várias centenas de pessoas. Um dificilmente terá copiado os outros, e vice-versa. Até porque, além deles, diversos outros intrépidos inventores daquela época se arriscavam em testes do mesmo tipo, com ou sem sucesso. Os próprios Wright nunca sequer tentaram patentear “o avião” como seu, e sim os sistemas de pilotagem e de controle de voo que efetivamente desenvolveram.

Avião popular
Se houvesse qualquer ambição de alguém em registrar como invenção sua uma máquina mais pesada do que o ar capaz com a qual os homens pudessem voar daqui para lá a seu bel prazer, ganhando com isso dinheiro com royalties, essa pretensão foi por terra quando, em 1907, Dumont criou o seu Demoiselle (acima). Pequenino, barato de construir, fácil de pilotar, teve dados e projetos liberados por seu inventor para qualquer um que quisesse fabricá-lo ou usá-lo como base para outros desenvolvimentos. A ideia do brasileiro era popularizar a aviação e, efetivamente, mais de 40 exemplares da maquininha (hoje seria um ultra-leve) foram construídos, transformando-a no primeiro avião produzido em série da história.
Pouco depois, outra marca de automóveis, dessa vez, francesa, homenageou Santos Dumont em seus modelos. Também fabricante de aviões, a francesa Farman adotou como símbolo uma réplica do monumento erguido em Paris em homenagem ao Pai da Aviação (abaixo).

Ao estilo francês
Eram carros de alto luxo, exclusivíssimos e que concorriam pelas vagas nas garagens da nobreza com joias da Rolls-Royce, Hispano-Suiza e Isotta Fraschini.
Limousine Farman
Nos hangares, a Farman se destacou por, na prática, ter produzido o primeiro avião para transporte comercial de passageiros (abaixo), serviço que passou a oferecer em seguida.

No campo das quatro rodas, além dos modelos para milionários, a Farman utilizava sua alta tecnologia aeronáutica para construir modelos terrestres experimentais e de corrida como o aerodinâmico charutão abaixo. Santos Dumont deve ter curtido.

 

Henrique Koifman

Jornalista, blogueiro e motorista amador.

Jornalista, blogueiro e motorista amador.

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