19 de abril de 2024
Editorial

Elementar, meu caro Watson…

Segunda Turma do STF – Foto: Arquivo Google

Não costumo acreditar em teorias da conspiração, embora muitas delas sejam o que parece. Esta última, que apareceu nesta semana, deixa muito evidente que tudo faz sentido – como em todas as teorias. Todas as decisões do Juiz Moro estão sendo mantidas em instâncias superiores, mas no STF as coisas não são bem assim… O ministro Teori deve estar se revirando no túmulo, com pena do ministro Fachin que está rodeado por pares que não são tão pares assim.
As últimas decisões do STF em favor da revogação das prisões de Bumlai, Genu e de Dirceu; a derrubada da determinação do juiz Sergio Moro que obrigava Lula a comparecer ao depoimento de suas próprias 87 testemunhas de defesa em Curitiba e, finalmente, a possível meia-volta na intenção de Palocci não mais fazer sua delação, apesar de sua cristalina intenção manifestada ao juiz Moro me fazem sentir, infelizmente, o terrível cheiro de pizza indo para o forno.
Além disso, o orgulho e a disposição em ratificar seu poder e a superioridade do STF conduziram o voto de Gilmar Mendes em favor do habeas corpus impetrado pelos advogados de José Dirceu em detrimento ao bom senso e aos fundamentos jurídicos. A longevidade da prisão preventiva do réu, resultado de diversas acusações, acrescida do escárnio à Justiça ao continuar a exigir propina, mesmo já réu no mensalão, são fundamentos mais do que suficientes para manutenção de sua reclusão.
É triste ver um Toffoli, reprovado duas vezes em concursos para a magistratura, estar na mais alta Corte graças a manobras políticas e ajudar a pôr na rua seu ex-patrão, com várias condenações, inclusive no STF, no mensalão. Só na Lava-Jato, Dirceu acumula, pelo menos, 32 anos de cadeia. Gilmar refere-se aos procuradores da Lava-Jato jocosamente, como jovens inexperientes, mas eles são concursados, competentes e determinados, pois foram aprovados em um concurso dificílimo, enquanto no STF há vários que estão ali graças a favores políticos.
Ficou clara, com a soltura de José Dirceu, a tendência da Segunda Turma do STF é de liberar todos os detidos pela Lava-Jato em Curitiba. A rapidez da decisão ocorre logo após Palocci sinalizar com uma possível delação premiada. Fica evidente que, possivelmente, delataria até ministros do Supremo. Que Deus ilumine o plenário do Supremo e que a prisão de Palocci seja mantida.
Elementar, meu caro Watson: primeiro, soltamos Eike, balãozinho de ensaio. Depois, Dirceu, enorme balão. E aí Palocci, que se abrir a boca pode implodir a cúpula do PT desiste de fazer a delação, claramente visualizando sua breve soltura. É certo que ele tem informações que deixariam a mais experiente cafetina ruborizada.
É, meu caro Sherlock, só tem um problema. Vamos ver se o pleno do STF deixa.

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

Advogado, analista de TI e editor do site.

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