Última atualização 26/04/2018 3:49 PM
abr 28, 2017 Sylvia Marcia Belinky Sylvia Belinky 4
Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Tenho um escritório para todos os tipos de traduções, de papel a simultânea, consecutiva, guias turísticos e nele tenho quem traduza do mandarim ao croata. Desde 2010, sou conciliadora e mediadora no Fórum de Pinheiros – eu o era também no fórum do Butantã. Trata-se de um trabalho voluntário, que me dá muita satisfação! Gosto de escrever, característica familiar...
Se existe algo que sempre me intrigou são os assim chamados ”prazos de validade”!
Vivemos hoje numa sociedade em que o mais reles dos objetos “caduca”, de um sabonete, a uma geleia! E as novas gerações – e até as nem tão novas assim – são profundamente influenciadas por esses prazos. Você pode imaginar consumir inadvertidamente alguma coisa vencida? Que imensos riscos à saúde!… Será mesmo?
Falemos de alguns produtos: um iogurte, por exemplo, é leite azedo, mas, passando demais do prazo de validade poderá, de fato, ficar… mais azedo. Já o leite longa vida tem 6 meses de validade e, a menos que você seja um representante das gerações mais novas e mais “antenadas” com isso – é provável que você não se dê conta e tome sem sentir nada, para descobrir que a validade dele estava vencida há 45 dias!
O vinagre, por exemplo, tem um ano e meio de validade. A etimologia da palavra deixa claro: “vinho” +“acre”, ou seja, vinho azedado. Então, fica claro que compramos e levamos para casa algo já azedo; não vai ficar pior… Ou será que existe um estágio de maior deterioração do que o de vinho azedado?… Mas… e um pacote de sal? Ou de açúcar? É claro que você pretende consumi-los em seguida à compra. Mas, o pacote de sal, em especial se você morar sozinho, poderá durar… 3 anos e ele só tem validade para metade disso!
Melhor ainda: o azeite de oliva, que tem um prazo de 18 meses! O que será que vai acontecer com ele depois dessa data?! Vamos imaginar que você descobre que o vidro de puro de azeite de oliva, que você ganhou de um amigo que o trouxe de Portugal e estava guardado em casa para uma ocasião especial, está vencido há um ano? Para o lixo, é claro!… Claro?!
Hoje, 1/3 de todo alimento produzido no mundo é desperdiçado, seja no transporte, nas prateleiras do supermercado ou em casa e isso pode ser evitado em todos os lugares.
Na contramão dessa mentalidade comprovadamente distorcida estão a Alemanha e o Canadá. Na Alemanha, onde 82 quilos (!!) de comida em perfeito estado são jogados fora todos os anos, as embalagens não virão mais com prazo de validade! O Ministério dos Alimentos e Agricultura as está substituindo por uma embalagem moderna e inteligente, que muda de verde para vermelho apenas quando o alimento não ficar próprio para consumo, para reduzir o desperdício dos alimentos.
A estratégia do Canadá é outra: todo excedente que estiver prestes a vencer nas prateleiras dos supermercados é enviado para os Bancos de Alimentos, criados como teste há alguns anos e interligados com 177 supermercados nas cidades de Montreal e Quebec. Com essa logística centralizada, vai ficar mais fácil manter os alimentos que estiverem “vencidos” – mas, em perfeito estado – dando um destino correto a eles: a barriga de alguém que precisa!
A única real vantagem que vejo nesse frenesi geral aqui, é que os supermercados, caso tenham um lote de latas de sardinha com vencimento para dali há, digamos, dez dias, vão colocá-lo todo em “liquidação de arrasar”: de R$ 5,00 para R$ 1,20 cada lata! Agora, se você comprar o lote, faça o favor de consumi-lo bem longe dali para não passar mal e morrer na porta do supermercado porque não pega bem… fala sério!
Talvez devêssemos nos ligar num fato muito importante e alvo de menos preocupação do que seria de se esperar: também os relacionamentos, mais do que nunca, têm tido “prazo de validade” cada vez mais curtos… As pessoas azedam… mofam… ficam “carunchadas”, e como usualmente vêm sem prazo de validade, acaba sendo melhor “limpar a despensa”… e pedir (ou dar) a “dispensa”…
Será que não valeria a pena tentarmos criar, aqui também, um Banco de Sentimentos como generosidade, tolerância, amor, “desconfiômetro” (essencial!) e tentar um prazo de validade mais longo e saudável?…
abr 26, 2018 0
abr 26, 2018 0
abr 26, 2018 0
abr 26, 2018 0
abr 24, 2018 0
abr 16, 2018 3
abr 06, 2018 0
abr 01, 2018 0
Sylvia,
Gostei muito das suas primeiras colunas no Boletim… O Valter parece ter o nariz certo pra trazer as pessoas para o site.
Sua coluna desta semana mexeu diretamente comigo, sou química, com especialização em alimentos, mas não se preocupe, eu entendi a conotação que vc quis dar à sua coluna e nem estou aqui para criticá-la, só que minha veia química está me empurrando pra dar uns pitacos, tá?
Não vou tomar seu tempo. As datas de validade dos alimentos têm sim um porquê e também têm seu grau de tolerância (+- 20%). O azeite, ok, vai ficar um pouco mais azedo, mas nada que preocupe, desde que corretamente envasado.
Trabalho numa empresa alimentícia americana, em SP e lidamos com estes problemas diariamente. Um dos exemplos que vc citou, o iogurte, não é bem assim. O crescimento desordenado das bactérias após a sua data de validade (mais os 20% de segurança) podem até matar, pois desenvolvem doenças graves no intestino, se não tratadas.
Este método de a embalagem mudar de cor, foi “inventado” na Noruega, em 2005 e ainda é adotado por muito poucos países devido a seu custo, mas é o melhor método indicativo do que se pode ou não consumir aquele determinado alimento. Afinal, o mofo do pão não faz a mesma coisa, ficando verde?
O método mais sustentável e mais usado hoje em dia nos países mais desenvolvidos é o de doar os alimentos próximos à data de validade para orfanatos, abrigos e afins.
Adorei o seu texto, principalmente o final. Data de validade para o amor. Será que existe?
abraços
Lourdes Cardoso – SP
Oi, Lourdes,
Na verdade a ideia do artigo foi muito mais no sentido de todos os exageros das novas gerações: está vencido? EU não como…
Eu tenho pronto (agora vou pensar bem antes de publicar…) uma outra cisma: os prazos de validade dos remédios, das pomadas, dos colírios, etc e penso na minha experiência e a de todos da minha geração e anteriores, quando as “farmacinhas” de casa eram herdadas, passavam de pais para filhos: ictiol, minâncora, mercúrio cromo, colubiazol… E, estranhamente, eles funcionavam mesmo depois de anos e não creio que fosse sugestão… Mas hoje se chega a absurdos do tipo: colírio vencido há um mês? Se você pingar, vai ficar cego! Você certamente terá entendido meu ponto… Mas… e as coisas das farmacinhas, picrato de butesin entre eles (tenho um aqui em casa, vencido há… décadas, que resolve todas as queimaduras na frigideira, no ferro de passar… Nem os 20% ele tem em favor dele… E eu, no final, proponho que se ponha o próprio “desconfiômetro” prá funcionar porque só a tolerância mútua salva os relacionamentos, em especial, aqueles que valem a pena! Um abraço e obrigada pela atenção!
Adorei! Imagina com os vinhos! Se tivessem prazo de validade. ???? O que seria dos colecionadores e leilões. Nunca me esqueço da garrafa de vinho q vcs deram para o Zé. Uma raridade. Presentão.eu quero entrar nesse novo grupo de fraternidade e amor. Bjos sucesso sempre
Priscila, lindeza, prá não variar, uma querida!.. Acho que a Lourdes não terá se referido a coisas que tem como pressuposto um tempo de maturação para ficar melhor – claro que, se ela tivesse se referido a pessoas, seria nosso caso,sem sombra de dúvidas!…