29 de março de 2024
Yvonne Dimanche

A obrigação de ser feliz


Queridos leitores, só me casei uma única vez e ainda assim no civil. Nunca entrei de véu e grinalda em igreja alguma e nunca fiz planos de fazer isso. Nada contra, só que nunca me passou pela cabeça realizar esse “sonho”.
NO ENTANTO, ENTRETANTO, POR OUTRO LADO, eu ficaria muito fula da vida se eu tivesse marcado uma cerimônia para daqui a alguns dias e o casamento não se realizasse. Eu teria vontade de matar o meu noivo. Jogar pragas para ele até a morte. E se fosse chifrada? Caramba!!! Eu iria até uma dessas ilhas caribenhas, contrataria uma sacerdotisa vodu para acabar com o traíra.
Brincadeiras à parte, visto que eu nunca faria isso, eu fico maravilhada com as celebridades. Eles levam chifres, apanham do(a) outro(a), sofrem severas rejeições e, na hora de dar uma satisfação para a mídia, dizem “acabamos numa boa”, “o relacionamento terminou, mas seremos amigos para sempre”, “ele(a) é o(a) melhor amigo(a) que eu poderia ter na vida e o(a) amarei para sempre”, “nossa amizade nunca será desfeita” e tantas outras besteiras.
Vocês seriam tão nobres assim? Eu, no lugar dessas estrelas, estaria deitada na cama com vontade de morrer ou, na melhor das hipóteses, torceria para o fracasso do outro.
Recentemente conversando com um amigo, ele comentou sobre a obrigação de sermos felizes, sob qualquer circunstância. Não nos é mais permitido o direito de ficarmos tristes, para baixo, de ficarmos cabisbaixos. Nem todos os amigos têm paciência de ouvir um desabafo e o motivo é que muitas vezes eles nos veem como um espelho. Não conseguem lidar com a própria tristeza.
Agora, além da obrigatoriedade da felicidade, ainda temos que vender a ideia de que todo mundo é super- gente fina, legal, sem direito a ter motivos para querer trucidar alguém que nos magoe?
Vejam bem amigos, não estou vendendo a ideia da raiva. Ninguém merece ser odiado para sempre só pelo fato de não ter atingido o objetivo do(a) outro(a), mas vamos nos permitir um pouquinho de descontrole, de mágoa, de vontade de morrer, de descer até o fundo do poço?
Não defendo também a ideia de que ficar triste é a oitava maravilha do mundo. Eu adoro quando estou feliz, aliás todo mundo gosta, mas sofrer também é legal. Aceitar isso é saudável. Ninguém cresce sem sofrer. Não precisa ser uma grande tragédia, basta apenas assumir a nossa fragilidade. Através dos momentos tristes é que aprendemos a valorizar o que realmente importa para ser feliz.
Um lindo final de semana para todos e até o próximo Boletim.

O Boletim

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