18 de abril de 2024
Erika Bento

Diferença salarial entre gêneros X Mulheres poderosas

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Homem, pai de família e “dono de casa”. Mulher, mãe e CEO. Nos Estados Unidos, esta nova família já atingia a marca de 2 milhões em 2012. Entre os motivos desta virada é que elas estão cada vez mais ganhando mais do que eles. Por outro lado, mulheres na Islândia foram às ruas protestar contra a diferença salarial entre gêneros?
Segundo dados do Fórum Econômico Mundial, esta diferença é de 14% no país nórdico. O protesto é uma tradição iniciada em 1975, no mesmo dia (24/10) às 14h e vem se repetindo ano a ano com uma alteração no horário. Para cada evolução na igualdade salarial eles avançam no relógio.  Neste ano, o protesto começou às 14h38.
Eu não sou feminista e defendo o justo. Já trabalhei em empresa onde o cargo de chefia era sempre oferecido aos homens por eles não terem “problemas” com filhos, TPM ou impedimentos na hora de fazer uma viagem de negócios. Realmente, não é fácil para uma família tradicional quando a mulher tem que fazer hora extra, por exemplo, justo quando a babá tem que sair na hora certa, ou é justamente a mãe quem pega a criança na creche ou na escola. Não é fácil e, talvez, esta família realmente não esteja pronta para que a mãe ocupe uma posição de mais responsabilidade e que exige mais do que ela pode oferecer. Neste caso, não tem nada a ver com a empresa, mas com as limitações da própria pessoa.
Porém, uma empresa que se preocupa com o bem-estar do funcionário aprimora o ambiente de trabalho; oferece meios para que a equipe possa equilibrar o pessoal e o profissional e valoriza o potencial da pessoa sem ver sexo nem idade. Infelizmente, esta ainda não é a visão de muitas empresas e, para o bem deste texto, deixemo-las de lado, já que estas nunca vão realmente conseguir disputar uma liderança de verdade, e voltemos ao tema que eu particularmente lido com cuidado: a diferença salarial entre gêneros.
Uma pesquisa feita pela Glassdoor em cinco países (Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Alemanha e França) afirma que a diferença salarial entre gêneros existe, mas (na minha opinião) deve ser analisada com cautela. Para ser o mais justo possível, vamos comparar somente o caso em que a mulher e o homem exerçam a mesma função dentro da mesma empresa e no mesmo local.
Neste caso, segundo a pesquisa, a diferença é de apenas 5.4%.  E, mesmo assim (análise minha), há de se diferenciar ainda o que é salário fixo e remuneração no final do mês. Você pode ter o mesmo salário que o seu colega, mas ter uma renda maior do que a dele, dependendo de comissões ou bônus, graças ao seu desempenho. Aí, não entra gênero, mas garra. Se em geral o homem é mais audacioso, existem muitas mulheres igualmente ambiciosas e competentes, negociando com ferocidade os próprios salários. Tanto que, mais e mais, elas estão exercendo mais funções de poder.
Embora o número de CEO mulheres entre as 500 maiores empresas do mundo esteja em míseros 4%, o índice de elas ocupando cargos de liderança em geral é maior. No mundo, as mulheres ocupam 24% destes cargos, que incluem presidentes, vice-presidentes e diretorias, diz um estudo do Grant Thornton e isso está intimamente ligado com a educação.
Depois de um avanço iniciado nos anos de 1970, hoje, em geral, a mulher tem a mesma oportunidade de estudo do que o homem, e elas não estão dando mole. Elas atingiram a maioria nas cadeiras universitárias em praticamente todos os países desenvolvidos. Com alto nível educacional, não é difícil entender por que as mulheres estão, cada vez mais, ocupando cargos de liderança e ganhando mais do que os homens, o que nos leva ao outro tema de minha preferência: homens do lar.
Casais que optaram por ter o homem em casa enquanto a mulher sai à luta dizem que a troca funciona perfeitamente bem. Justiça seja feita. Em alguns casos, o homem está temporariamente fora da roda da fortuna por estudo; outros por doença ou invalidez; outros porque não encontram trabalho, mas o que interessa é aquele em que a mulher faz mais dinheiro do que o homem, o que eu espero já ter demonstrado que será, cada vez mais, uma realidade.
Amy, minha colega de trabalho, acaba de ficar noiva e pretende se casar daqui a um ano e ter filho daqui a dois. Ela e seu parceiro, Daniel, já moram juntos há dois anos e decidiram que quem vai cuidar da casa e dos filhos vai ser ele. Daniel é publicitário e ela é analista de risco. O salário dos dois é praticamente o mesmo, mas Amy está disposta a dar uma alavancada na carreira para que os planos do casal se realizem. Ou seja, para que ela possa voltar ao trabalho depois que o pequeno nascer sem ter que se preocupar com arrumar uma babá ou colocar o bebê em uma creche.
Lendo entrevistas de casais brasileiros e estrangeiros que optaram por este tipo de vida fica claro que a discriminação entre os papéis entre homens e mulheres que existe em algumas empresas existe também na sociedade e até mesmo nas famílias. Homens administradores do lar podem ser vistos como preguiçosos e as mulheres que mantém a casa economicamente, podem ser vistas como exploradas. Rótulos que a sociedade em geral insiste em colocar (incluindo os próprios parentes e amigos), mas que os casais que estão reescrevendo os seus papéis estão pouco se lixando.
Assim como casais formados por dois homens ou duas mulheres aos poucos foram aceitos no seio familiar, o mesmo já está acontecendo com a inversão dos papéis do provedor financeiro da casa.
E, para aqueles que não concordarem, problema deles. A inveja é uma droga.
Para saber mais:
http://monitor.icef.com/2014/10/women-increasingly-outpacing-mens-higher-education-participation-many-world-markets/
http://www.grantthornton.global/globalassets/wib_value_of_diversity.pdf
http://oglobo.globo.com/sociedade/islandesas-saem-cedo-do-trabalho-em-protesto-contra-diferenca-salarial-20366817
http://fortune.com/2016/06/06/women-ceos-fortune-500-2016/

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