24 de abril de 2024
Maria Helena

Viva o Mensageiro!

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Prelo Stanhope, que chegou ao Rio junto com a frota que trouxe a Família Real, em 1808,
ilustração do livro “História dos jornais no Brasil”, de Matias Molina (Foto: Arquivo Google)

Ao ler ou ouvir o farto noticiário sobre a corrupção no Brasil, onde milhão, bilhão, trilhão é lugar comum, ouço claramente a voz do professor Raimundo, criação do genial e saudoso Chico Anysio, a incentivar o espectador com seu delicioso bordão “E o salário mínimo… ó?”.
Pois é, querido professor, ainda estamos sem repostas para sua pergunta. Cada vez com menos dinheiro no bolso, mais nos espanta a quantidade assombrosa de dinheiro que passava de mão em mão, por baixo dos panos, e que se não fosse nossa aguerrida Imprensa continuaria a passar com velocidade e silenciosamente.
Ou você, leitor, imagina que saberíamos sobre o gracioso presente que a senhora Sergio Cabral recebeu por ocasião de seu aniversário, comemorado no Principado de Mônaco, se não fosse a Imprensa?
Para quem ontem andou entusiasmado lendo sobre a prisão do ardiloso Eduardo Cunha a ponto de não ter tempo de ler mais nada, repito aqui uma notícia muito interessante: o empresário Fernando Cavendish é levado pelo governador Sergio Cabral à joalheria Van Cleef & Arpels, em Monte Carlo, e lá paga com seu cartão de crédito o presente de 800 mil reais que o governador daria à sua mulher. Não, a notícia não menciona se Cabral tinha alguma arma apontada contra Cavendish. Será que foi a voz melíflua do governador que hipnotizou o empresário e o fez aceitar esse encargo?
Claro que esse anel será um parágrafo menor no livro que num futuro distante falará sobre a gulosa corrupção que afundou e tentou destruir o Brasil, e que o teria conseguido, não fosse a Imprensa sempre atenta e voltada para o bem do país. Como publicou ontem em O Globo a jornalista Maiá Menezes: “(…) Foi de investigações da imprensa que saíram informações fundamentais para abastecer as investigações da Lava-Jato”.
A corrupção é tão antiga quanto a prostituição. Não é uma criação brasileira. As paredes do Senado Romano registraram muitos discursos sobre o roubo de dinheiro público.  “Cui prodest?”, pergunta cunhada pelo Cônsul Lúcio Flávio tantas vezes repetida pelo grande orador Cícero ao falar dos erros e crimes cometidos contra a República que correu o Mundo Romano e chegou até nós, é a pergunta que a Justiça brasileira agora faz:  “A quem interessa?”.
Para responder à pergunta tão fundamental, precisamos da ajuda inestimável da Imprensa, pois sem ela quantos anéis não passariam despercebidos?
Robert Kennedy (1925/1968), quando Procurador Geral da República no governo de seu irmão Jack, declarou: “Não acredito que repórteres possam substituir um Procurador da República, mas a Imprensa tem um papel investigativo muito importante. Reportagens sobre corrupção no Governo, extorsão e condições impostas pelo crime organizado, são grandes auxiliares na manutenção da Justiça em nossas comunidades e em todo o país”.
Nada mudou muito nestes últimos anos. A Imprensa continua a ser um grande auxiliar na vida de um país. Não é à toa que Donald Trump, aquele tipo extravagante que imagina chegar à presidência dos EUA apenas baseado em seus trilhões de dólares, agora se volta contra a Imprensa e ameaça, se for eleito, abolir a Primeira Emenda da Constituição Americana, aquela que garante ao povo americano a Liberdade de Expressão e proíbe o Congresso de restringir a Imprensa ou os cidadãos de falarem livremente.
Cui Prodest, Trump? Só mesmo a fulanos como você.

FONTE: BLOG DO NOBLAT

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