23 de abril de 2024
Editorial

Game over?

renanFoto: Arquivo Google

O brasileiro voltou a sintonizar a TV nesta semana, na expectativa de ver a atuação do Senado, transformado em tribunal, como previsto no rito processual, em curso há meses. E o que se viu mais parecia palanque em véspera de eleições, com candidatos usando seu tempo mais para aparecer, no circo televisivo, do que para inquirir ou apresentar defesas para as acusações. As mesmas frases repetidas à exaustão, enquanto o país sangra, à espera do parto mais doloroso de sua História recente.
Senadores decidiram que Dilma perde o mandato presidencial, mas continua habilitada para ocupar cargos públicos. Corporativismo explícito? Já se fala em blindagem para políticos que estão sendo investigados pela Lava-Jato. Patética mesmo foi a defesa da senadora Kátia Abreu, para que não votassem pela não inabilitação de Dilma para função pública, considerando que ela já tem tempo para se aposentar pelo INSS, mas que receberia “apenas” R$ 5.000 e, sendo assim poderia continuar trabalhando num órgão público. Brincadeira! E os privilégios como ex-presidente não contam?
Senadores (e deputados), provavelmente os que já foram denunciados na Lava-Jato, vão se aproveitar do “descuido” do ministro Lewandowski, e articularam e inseriram uma nova interpretação ao processo de cassação de mandato. A partir de agora, qualquer ocupante de cargos eletivos poderá cometer crimes de responsabilidade. Perderá o mandato, mas estará livre para se reeleger. Infelizmente, o resultado do processo confirma as gravações apresentadas pelo ex-presidente da Transpetro, em que os senadores conspiravam: “Temos que tirar a Dilma para enfraquecer o Ministério Público, a Polícia Federal, o juiz Sérgio Moro e estancar a Lava-Jato.”
Salvaram o insalvável. Disseram : “olha, filhinha, não faz mais isso não, pode se eleger de novo para o que você quiser, tá?”. Assim, no futuro, poderão candidatar-se de novo. Renan só faltou beijar Dilma neste discurso final. E ela segue com carro, motorista, segurança e tudo o mais às nossas custas. Por isso riam tanto Lewandowski e os outros, na foto de O Globo de 4ª feira.
Dilma ruiu por inabilidade política. Foi-se mediante juízo final conduzido, talvez a contragosto, pelo presidente do STF. A insensatez de Dilma pode levar o lulopetismo à derrocada e estancar o processo desencadeado pelos signatários do Foro de São Paulo, sob a versão “Socialismo do século XXI” apregoada por Chávez e chancelada por Fidel. Residirá em Tristeza, bairro de Porto Alegre. A rigor, a tristeza seria nossa, por danos morais, políticos e econômicos. Mas somos um povo alegre. Vamos dar a volta por cima!
Game over? A novela Dilma acabou? Não! O próximo capítulo será no STF. Vão arguir se podiam, tendo em vista o que a Constituição determina, fatiar as punições no caso em apreço. O culpado disto? Lewandowski. Lembrou-nos do mensalão, quando aceitava as manobras de Dirceu e batia de frente com Joaquim Barbosa. Agora, se subordina às manobras do PT e do PMDB do Renan. Triste! Aguardemos os próximos capítulos para ver como termina tudo isso

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

Advogado, analista de TI e editor do site.

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